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A teologia do sistema sacrifical

Foto do escritor: Garberson AlencarGarberson Alencar

Atualizado: 4 de nov. de 2024


O sacrifício do Antigo Testamento diz respeito à aproximação a Deus, buscando aceitação diante Dele por meio de um substituto aceitável, oferecido em lugar do pecador e que sofre a maldição do pecado.

 

Este artigo apresenta uma breve explanação acerca dos sacrifícios, com o objetivo de esclarecer o seu significado. A seguir, exploraremos o significado da morte salvadora de Jesus Cristo, conforme é apresentada nessas categorias sacrificiais. (Atenção especial será dada a Hebreus 9 e 10).

 

Introdução

 

A prática do sacrifício no Antigo Testamento é proeminente em toda a narrativa bíblica. Já em Gênesis 3:21, vemos uma prova disso, quando Deus providencia casacos de pele para Adão e Eva. Em Gênesis 4:2-5, lemos sobre os sacrifícios oferecidos por Caim e Abel, que provavelmente aprenderam essa prática com Adão e Eva. A seguir, encontramos os sacrifícios oferecidos por Noé (Gn 8:20), Abraão (Gn 12:7-8; 13:4, 18; 22:13), Isaque (Gn 26:25), Jacó (Gn 31:54; 33:20; 35:1-7; 46:1) e Jó (1:5; 42:8).

 

Em Êxodo e Levítico, o tema do sacrifício se torna ainda mais evidente. Deus liberta Israel do Egito para que o povo possa ir e oferecer sacrifícios a Ele (Êx 3:18; 5:3, etc.; cf. 17:15), e é através do sacrifício, de fato, que a libertação ocorre (Êx 12). A partir de Êxodo 20 e em Levítico, Deus dá a Moisés instruções detalhadas para estabelecer e implementar o sistema sacrificial que marcaria a adoração de Israel sob os termos da Antiga Aliança. Vários tipos de sacrifícios deveriam ser oferecidos (o holocausto, a oferta pela culpa, a oferta pelo pecado, a oferta pacífica, entre outros) em momentos específicos e para propósitos específicos.

 

Chegando ao Novo Testamento, a prática do sacrifício se torna menos proeminente, mas a linguagem sacrificial é empregada para se referir à morte de Jesus Cristo. Nosso objetivo aqui é explicar o significado do sacrifício no Antigo Testamento, de modo que o leitor possa compreender melhor o valor salvífico da morte de Cristo, conforme é explicado pelos escritores do Novo Testamento.

 

Sacrifício no Antigo Testamento

 

Como já foi observado, o sacrifício aparece nos primeiros capítulos de Gênesis, logo no início da história. O significado das túnicas de pele fornecidas a Adão e Eva (Gn 3:21) não é completamente claro à primeira vista, mas podemos compreendê-lo com mais clareza ao olharmos para textos posteriores. O que podemos afirmar neste momento é que Deus cobriu a vergonha deles de uma forma que envolveu a morte (provavelmente de um cordeiro).

 

Da mesma forma, o significado das ofertas de Caim e Abel (Gn 4:2-5) não nos fornece muitas evidências. Sabemos apenas que a oferta de Caim era “uma oferta do fruto da terra” (v. 3) e a de Abel, “dos primogênitos do seu rebanho” (v. 4). O Senhor “se agradou” (ou seja, aceitou) da oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim (vv. 4-5). Considerando que Caim e Abel aprenderam a oferecer a Deus por meio de seus pais (Gn 3:21), podemos presumir que a oferta de Caim foi um desvio da norma, embora não tenhamos mais informações além das que estão registradas neste momento.

 

O escritor da carta aos Hebreus repete que o sacrifício de Abel foi aceito e acrescenta que foi oferecido “pela fé” e que, por meio dele, Abel “obteve testemunho de ser justo” (Hb 11:4). Muitas coisas na narrativa de Gênesis parecem não estar claras, mas devemos examinar outros textos para entender exatamente como isso acontece.

 

O propósito do sacrifício de Noé (Gn 8:20-21) não é explicitamente revelado; sabemos apenas que “o Senhor sentiu o aroma agradável” e prometeu bênçãos contínuas. O termo “aroma agradável” certamente não indica que a carne fumegante “cheirava bem”, mas que Deus se agradava do significado do sacrifício e, com base nisso, prometeu bênçãos. Embora ainda não tenhamos evidências mais claras, precisaremos de mais textos para confirmá-las.

 

Em Gênesis 22, Deus ordenou a Abraão que oferecesse seu filho Isaque em sacrifício. No entanto, antes que o sacrifício fosse realmente realizado, Deus providenciou um carneiro para morrer no lugar de seu filho. Aqui, a substituição provida por Deus é claramente ilustrada (cf. Jo 3:16; Rm 8:32).

 

Embora os sacrifícios de Jó (Jó 1:5) não sejam definidos com precisão, sabemos que foram oferecidos a Deus por causa do pecado. Da mesma forma, foi em razão dos pecados dos amigos de Jó e da consequente ira de Deus contra eles que foram ordenados a oferecer sacrifícios (Jó 42:7-8). Aqui, fica bastante claro que o sacrifício tinha o propósito de apaziguar a ira de Deus contra os pecadores.

 

Na ordem para sacrificar o Cordeiro da Páscoa (Êx 12), a ideia de pecado é claramente apresentada, assim como a ideia de substituição (v. 3, 13), resgate do julgamento divino (v. 12, 23) e a necessidade do sangue (v. 13, 22), que se tornam proeminentes. Pelo sacrifício de um cordeiro sem mácula, cujo sangue foi devidamente aplicado conforme os rituais cerimoniais, cada família israelita escapava da morte e do julgamento de Deus.

 

Com as instruções de Deus sobre os sacrifícios apresentadas em Levítico, o tema começa a ganhar uma definição mais clara. A ocorrência frequente de termos como “pecado” e expressões como “se alguém pecar” (ou similares) e “pelo pecado”, ao longo do livro, juntamente com a exigência de que os sacrifícios sejam oferecidos e que haja “confissão de pecado”, especificam que o pecado é a razão pela qual os sacrifícios são necessários.

 

Os termos “oferta pela culpa”, “oferta pelo pecado” e os requisitos de que o sacrifício seja “sem mácula” refletem a mesma ideia. Da mesma forma, o vocabulário frequentemente repetido de "expiação" (que implica propiciação ou apaziguamento) e "perdoado" especifica o propósito do sacrifício. Levítico 5:10 resume: “Assim, o sacerdote, por essa pessoa, fará oferta pelo pecado que ela cometeu, e o pecado lhe será perdoado.”

 

No Dia da Expiação, o sacerdote era obrigado a "pôr as duas mãos sobre a cabeça do bode vivo e, sobre ele, confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados" (Lv 16:21). Essa ação simbólica representava a transferência dos pecados para o animal, que, por sua vez, "carregaria sobre si todas as iniquidades" do povo de Israel (Lv 16:22).

 

Em outras partes de Levítico, a expressão frequentemente repetida "levar o pecado" conota consistentemente a responsabilidade pelo pecado e pela consequente responsabilidade pelo julgamento (5:1, 17; 7:18; 10:17, etc.; cf. Is 53:12; 1Pe 2:24). A execução do animal, portanto, simbolizava o julgamento divino que o pecado merecia. O ato de pôr as mãos sobre o animal a ser sacrificado, confessar o pecado e, em seguida, realizar o abate do animal transmitia a ideia de libertação por meio de substituição. Assim, o perdão era garantido pelo sacrifício substitutivo.

 

Finalmente, a garantia de que o sacrifício era um "aroma agradável ao Senhor" simbolizava a satisfação de Deus com o sacrifício e a aceitação do pecador por meio dele.

 

Observações

 

O significado do sacrifício no Antigo Testamento era garantir o perdão e a expiação do pecado por meio da oferta de um substituto. O ofertante não é retratado como uma simples criatura, mas especificamente como um pecador, uma criatura caída que necessita de perdão. O ofertante se aproxima com a consciência de seu pecado, buscando a restauração do favor de Deus através de um sacrifício aceitável.

 

A própria vítima sacrificial atuava como intermediária, um substituto que proporcionava expiação. Ela carregava o pecado do adorador, que recebia o perdão por meio desse sacrifício substitutivo. Tudo isso indicava que a natureza do sacrifício era, primeiramente, dirigida a Deus. Ou seja, o sacrifício era destinado a Deus, com o propósito de apaziguá-Lo e satisfazer Sua exigência de julgamento. Somente após essa satisfação ser assegurada é que o adorador poderia encontrar o perdão.

 

O objetivo principal do sacrifício da Antiga Aliança é, por um lado, lidar com o pecado, a culpa e o julgamento; e, por outro, proporcionar satisfação, expiação, perdão e reconciliação.

 

Sacrifício no Contexto da Antiga Aliança

 

No contexto histórico, esses sacrifícios foram providenciados para responder à seguinte pergunta: "Como pode um Deus santo habitar no meio de um povo pecador?" Ao libertar Israel do Egito e estabelecê-lo como uma nação teocrática no Sinai (por meio da antiga aliança), Deus fez de Israel o Seu povo. Ele prometeu ser o Deus dos israelitas e habitar no meio deles. Mas como poderia Sua santa presença ser estabelecida entre pecadores? O sistema sacrificial foi dado para responder a essas questões.

 

Mas há perguntas que permanecem: Pode um animal realmente ocupar o lugar de um homem ou de uma mulher? O sangue de um animal pode, de fato, expiar o pecado de uma nação? Se os sacrifícios garantem verdadeiramente o favor e o perdão de Deus, por que eles precisavam ser repetidos? O Novo Testamento nos oferece as respostas para essas questões. O sistema sacrificial do Antigo Testamento demonstrava o propósito redentor de Deus, segundo o qual os pecadores poderiam obter o favor divino por meio de um substituto aceitável, apresentado a Deus em sacrifício.

 

A morte de Cristo como sacrifício

 

Os sacrifícios do Antigo Testamento descrevem e apontam para a morte de Jesus Cristo no Novo Testamento, especialmente em termos sacrificiais, os quais não podem ser compreendidos de outra maneira. Quando Jesus e os escritores do Novo Testamento utilizam expressões como “dar minha vida como resgate”, “resgate em seu sangue”, “por seu sangue”, “o sangue da sua cruz”, “meu sangue da aliança, derramado por muitos para perdão dos pecados”, “reconciliados pelo seu sangue”, “justificados pelo seu sangue”, “propiciação pelo seu sangue”, “pela morte da sua cruz”, “fez a paz pelo sangue da sua cruz”, “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado”, “Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus”, “aquele que nos ama e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados”, “o Cordeiro que tira o pecado”, “ele levou os nossos pecados”, “foi feito pecado por nós”, “Cristo nos redimiu da maldição da lei, tendo sido feito maldição por nós”, entre outras expressões, somos orientados a entender a morte do Senhor como um sacrifício. A terminologia de propiciação, resgate, redenção, perdão e reconciliação encontra seu significado no contexto do sacrifício do Antigo Testamento.

 

Isso nos mostra exatamente como a morte de Jesus efetuou a nossa salvação. A morte de nosso Senhor foi um sacrifício. Na cruz, Ele se ofereceu a Deus em nosso lugar, carregando o nosso pecado e o julgamento que merecíamos. Ao satisfazer as justas exigências de Deus contra nós, Ele nos liberta do pecado e nos reconcilia com Deus. Tudo o que os sacrifícios do Antigo Testamento simbolizavam, Jesus Cristo realmente cumpriu em sua obra salvadora.

 

Os sacrifícios do Antigo Testamento eram simbólicos, mas antecipavam o que posteriormente se tornaria real na oferta de Jesus Cristo em nosso favor. Assim como os sacrifícios do Antigo Testamento eram primeiro dirigidos a Deus para, em seguida, efetuar a expiação, a morte de Jesus também foi oferecida a Deus (Ef 5:2; Hb 9:14). O sacrifício de Cristo por nós foi, para Deus, "uma oferta de aroma agradável" (Ef 5:2), efetuando a propiciação (Rm 3:24; Hb 2:17; 1 Jo 2:2; 4:10), satisfazendo Suas justas exigências, apaziguando Sua ira e, por fim, realizando a expiação do pecado.

 

Assim como, através do sacrifício do Dia da Expiação, o povo de Israel, por meio do sumo-sacerdote, era levado para trás do véu do templo, no Santíssimo, também, através da morte de Jesus Cristo, somos levados à própria presença de Deus (Hb 10:19-20; cf. Mt 27:51; Jo 2:19-21). Portanto, podemos entender os sacrifícios do Antigo Testamento como uma antecipação e um símbolo da obra salvadora que o Messias realmente realizaria em Sua morte (Hb 9:9; 10:1; cf. Cl 2:17).

 

De outra forma, o escritor de Hebreus especifica que os sacrifícios antigos eram, na verdade, "cópias" do "verdadeiro" sacrifício que Jesus Cristo ofereceu (Hb 8:2, 5; 9:23-24; cf. 9). Ou seja, o sacrifício de Jesus é o "original". Por fim, o sacrifício de Cristo não foi modelado segundo os sacrifícios do Antigo Testamento; antes, foram esses sacrifícios que foram modelados de acordo com o sacrifício vindouro, o verdadeiro sacrifício, do qual aqueles eram apenas sombras das coisas que haviam de acontecer.

 

O sacrifício de Cristo em Hebreus

 

O escritor de Hebreus expõe, de várias maneiras, como o sacrifício de Jesus Cristo é superior aos sacrifícios da antiga aliança, demonstrando que, enquanto os sacrifícios do Antigo Testamento eram temporários e precisavam ser repetidos, o sacrifício de Cristo é definitivo, perfeito e eficaz para sempre.

 

O sacrifício de Jesus Cristo foi oferecido apenas uma vez (Hb 9:6-7, 11-12, 25-26, 28; 10:1, 10-12, etc.). Já os sacrifícios do Antigo Testamento precisavam ser repetidos continuamente, ano após ano. Essa repetição gerava no adorador uma dúvida sobre o valor real do sacrifício (Hb 10:2-4), e havia poucos motivos para acreditar que até mesmo a oferta repetida de um animal poderia satisfazer a Deus ou remover a culpa humana. O evangelho, por outro lado, anuncia que o sacrifício de Cristo foi de tal valor que precisava ser oferecido apenas uma vez. A obra salvadora de Cristo foi uma obra consumada (Jo 19:30), realizada "de uma vez por todas".

 

O sacrifício de Jesus Cristo efetuou o perdão (Hb 9:9-10, 12; 10:1, 4, 11, 18). O pecado era o problema que o sistema sacrificial do Antigo Testamento buscava remover, mas sua repetição anual evidenciava a incapacidade de lidar com o pecado de forma definitiva. Os sacrifícios antigos eram inadequados, pois não possuíam valor suficiente para remover a culpa. Em contraste, Jesus Cristo "ofereceu a si mesmo" (Hb 9:12-14, 26), um sacrifício de valor supremo, capaz de efetivamente remover o pecado. Os sacrifícios do Antigo Testamento apenas antecipavam o que o sacrifício de Cristo realmente realizou e, por isso, Ele é capaz de "purificar a consciência" (Hb 9:14), removendo a culpa de forma completa.

 

O sacrifício de Cristo foi aceito no céu, o verdadeiro templo (Hb 8:2, 5; 9:1, 9, 11-12, 23, 24; 10:1). Isso significa que não se tratava de algo prospectivo, como os sacrifícios do Antigo Testamento, que apenas simbolizavam e antecipavam a expiação. O sacrifício de Cristo, ao ser aceito por Deus no verdadeiro templo celestial, garante, de forma definitiva, o perdão.

 

O sacrifício de Cristo obteve acesso a Deus (Hb 9:7-8; 10:19-22). O sistema sacrificial do Antigo Testamento foi projetado para mostrar que o caminho para Deus não estava aberto a qualquer pessoa, em qualquer circunstância (v. 8). Era necessário um sumo sacerdote qualificado e um sacrifício aceitável, oferecido da maneira prescrita. Mesmo assim, o povo em geral ficava afastado, sendo que apenas o sumo sacerdote tinha acesso ao Santo dos Santos, e isso apenas uma vez por ano, por meio de uma cerimônia de sacrifício específica. Não podemos imaginar o quão terrível era aproximar-se de um Deus Santo. Porém, através do sacrifício de Cristo, o caminho foi aberto. Todos os que vêm a Ele, por meio da fé em Seu sacrifício, agora têm acesso e são aceitos (Mt 27:51; Jo 2:19-21).

 

"Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Cuidemos também de nos animar uns aos outros no amor e na prática de boas obras." (Hebreus 10:19-24)

 

Se o sacrifício de Cristo, oferecido uma vez por todas, foi aceito no próprio céu, garantindo o perdão e obtendo acesso a Deus, então devemos nos aproximar d'Ele com ousadia e confiança, seguros da nossa aceitação. Tenhamos plena certeza em nossa aceitação, com fé inabalável. Perseveremos em qualquer dificuldade, confiantes na nossa salvação final, e encorajemos uns aos outros a fazer o mesmo.

 

Conclusão

 

O sistema sacrificial do Antigo Testamento nos conduz ao cerne do evangelho e à essência da fé cristã. De fato, "o sacrifício" é o que fundamenta o Cristianismo e o distingue de outras religiões.

 

O Cristianismo não veio ao mundo para proclamar uma nova moralidade, repelindo as estruturas sobrenaturais pelos quais os seres humanos costumavam apoiar suas almas trêmulas e culpadas em seus próprios braços para conquistar uma posição diante Deus pelos seus próprios méritos. Veio para proclamar o verdadeiro sacrifício pelo pecado que Deus havia providenciado.

 

Graça e paz!

Garberson Alencar

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