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Concílio de Niceia, o que foi discutido em cada edição

Atualizado: 11 de set. de 2023


Conheça o que foi discutido em cada edição


O Concílio de Niceia que aconteceu no ano de 325 foi o primeiro evento promovido pela Igreja romana para discutir a fé cristã. O principal objetivo da convocação feita pelo imperador romano Constantino I era a criação de um consenso entre os representantes da instituição católica acerca da natureza divina de Jesus Cristo. Para isso, a assembleia contou com a participação de bispos de todas as regiões do império.


No ano de 787, o concílio ecumênico do cristianismo volta a acontecer na cidade de Niceia. Nessa edição, a pauta central da assembleia é a veneração de imagens. Essa prática havia sido banida pelo imperador bizantino Constantino V. O Segundo Concílio de Niceia foi convocado pela imperatriz Irene e pelo Patriarca Tarasios.


O que motivou a convocação das assembleias?


Com o fim das perseguições religiosas da igreja católica contra os cristãos, a fé cristã havia se espalhado pelo Império Romano. Contudo, esse processo deu origem a uma forma distinta de interpretar os dogmas da instituição. No Império Bizantino, o sacerdote alexandrino Ário colocou em questão a natureza divina de Jesus Cristo. De acordo com sua interpretação, ele deveria ser entendido como uma criatura de origem divina e não como uma divindade em si.


Sendo assim, Jesus não possuiria vida eterna, seria marcado por um traço de humanidade que o desvincularia da condição sagrada defendida pelos demais seguidores do cristianismo. O posicionamento de Ário havia criado uma situação conflituosa com o bispo Alexandre de Alexandria. Por isso, ele foi excomungado por todos os bispos do Egito e estava refugiado na cidade de Nicomédia.


Contudo, seu argumento acerca da natureza divina já havia conquistado adeptos que possuíam prestígio com o imperador Constantino. O agravamento das divergências entre a perspectiva de Ário e a visão ortodoxa impulsionou a convocação do Primeiro Concílio de Niceia, que deveria apresentar o posicionamento da Igreja romana acerca do arianismo.


A crise da Igreja Católica que motivou a convocação do Segundo Concílio de Niceia foi desencadeada quando o imperador Constantino V decretou a proibição da adoração de ícones, imagens. Essa decisão contou com o apoio do Conselho de Hieria, que mais tarde foi classificado pela Igreja católica como Falso Sínodo de Constantinopla, e determinou que fossem perseguidos quem a descumprisse.


Ao mesmo tempo em que o decreto de Constatino V impedia a veneração de imagens, não era contra às imagens de imperadores. Essa brecha foi usada como estratégia para aumentar a autoridade do poder imperial em detrimento das figuras católicas. O posicionamento do imperador bizantino contra as imagens também foi mantido pelo seu sucessor, Leão IV, o Cazar.


É somente durante o governo da imperatriz Irene, que assumiu como regente do seu filho Constatino VI, que o tema volta a entrar em discussão com a convocação do Segundo Concílio de Niceia. Os concílios ecumênicos do cristianismo buscavam a resolução de conflitos da Igreja.


As decisões tomadas nas assembleias.


Por maioria absoluta dos votos, os bispos que participaram do Primeiro Concílio de Niceia não aceitaram a interpretação sobre a natureza de Jesus apresentada pelo arianismo. De acordo com os bispos, Jesus deveria ser visto como o verdadeiro Deus. Esse posicionamento foi embasado pela forma como Cristo é apresentado na Bíblia, que contém as bases de transmissão da crença cristã elaboradas pelos apóstolos.


Essa decisão foi registrada no Credo de Niceia. O documento afirma que Jesus é feito "da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado, homoousios tou Patrou (consubstancial ao Pai)". Todos assinaram o documento que formula o consenso universal da Igreja católica sobre a questão, exceto dois dos bispos que estavam presentes.


O Credo de Niceia também possibilitou que os bispos realizassem assembleias locais. Esses eventos de menor proporção são denominados Sínodos e estão autorizados a definir declarações de crença e cânones da ortodoxia. Assim como os concílios, eles têm como finalidade homogeneizar a crença cristã.


Outras decisões importantes para o cristianismo obtidas no Primeiro Concílio de Niceia foi a promulgação dos cânones da Igreja. Basicamente, eles são leis imutáveis que estruturam o sistema de crença. Além disso, a assembleia dos bispos definiu que a Páscoa deveria ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera.


No que diz respeito às tratativas do Segundo Concílio de Niceia, a assembleia reestabelesceu a legitimidade da veneração das imagens. Para isso, os bispos usaram argumentos construídos a partir das passagens bíblicas presentes em Êxodo 25:19, Números 7:89, Hebreus 9:5, Ezequiel 41:18 e Gênesis 31:34.


O arianismo


Tema principal do Primeiro Concílio de Niceia, o arianismo é considerado a maior das heresias identificadas pela Igreja católica na Idade Média. A perspectiva apresentada por Ário é definida pela instituição católica como uma questão relacionada à cristologia, campo da teologia dedicado a refletir sobre a natureza de Cristo. Na interpretação de Ário, Jesus Cristo é uma obra de Deus como todas as outras criaturas. Logo, ele não seria o Filho.


Ainda que essa perspectiva possa ser vista como negativa, ao atribuir humanidade a Jesus, o arianismo reforça a dimensão de espiritualidade do Messias. Isso acontece porque o sofrimento que ele enfrentou durante o período em que esteve na Terra, assim como seus feitos, se tornam mais excepcionais por estarem associados à história de um homem comum.


Os concílios ecumênicos do cristianismo.


Os concílios ecumênicos foram reuniões gerais da Igreja católica para decidir sobre temas que perpassavam a crença cristã. Essas assembleias contavam com a presença de representantes da Igreja católica de diversas partes do mundo, que em conjunto decidiam o posicionamento da instituição sobre a temática que apresentava divergências. A relação desses eventos teve como origem o Concílio de Jerusalém, descrito no livro de Atos dos Apóstolos.


Na cidade de Niceia da Bitínia, hoje Iznik, Turquia, aconteceram a primeira e a sétima edição dos concílios ecumênicos. Mas ao todo foram realizadas 21 assembleias gerais da Igreja, nas quais foram discutidos temas como: a divindade do Espírito Santo; a consagração de Maria como Mãe de Deus; a retomada da Terra Santa; a ordem dos Templários; o planejamento de cruzadas; a adequação dos ensinamentos da Igreja ao mundo moderno; infalibilidade papal e outros.

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