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Conversão: O que a Bíblia nos ensina?

Foto do escritor: Garberson AlencarGarberson Alencar

Atualizado: 14 de dez. de 2024

“Porque eles mesmos anunciam de que maneira fomos recebidos entre vós, de que forma vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes ao Deus vivo e verdadeiro.” (1Ts 1:9)

 

O que é conversão?

 

A conversão é um milagre operado por Deus no coração do pecador, que o leva ao arrependimento, ao abandono dos pecados e à fé em Jesus Cristo como Salvador. Não se trata de um ritual realizado em uma igreja por um líder religioso, nem de um processo que depende de alguém. A verdadeira conversão acontece no íntimo de cada pessoa, entre ela e Deus, como uma transformação profunda que só Ele pode operar.

 

Jesus disse: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus.” (Mateus 18:3). Jesus deixa claro que, para ser aceito no reino dos céus, é essencial que uma pessoa se converta. Em outras palavras, a conversão é um requisito absoluto para entrar no reino de Deus.

 

Nascer de novo

 

O Cristo deu grande importância à conversão, também chamada de "nascer de novo". Em João 3, encontramos o relato de Nicodemos, um líder judeu profundamente religioso, que conversa com Jesus sobre como entrar no reino de Deus. Jesus vai direto ao ponto: "Em verdade, em verdade lhe digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus." (João 3:3 - NAA). O "nascer de novo" é essencial para sermos aceitos na presença de Deus.

 

O verdadeiro Evangelho produz a conversão.

 

Em 1 Tessalonicenses 1:9, o apóstolo Paulo escreve aos cristãos de Tessalônica, uma cidade marcada pelo paganismo e pela idolatria. Ele lembra aos tessalonicenses qual é o efeito do verdadeiro Evangelho: "pessoas deixaram seus ídolos e começaram a servir ao único Deus verdadeiro." Essa mudança radical é o que chamamos de conversão, e ela sempre ocorre no início da vida cristã.

 

Conversão não é uma mera mudança de vida.

 

Todo início de ano, temos o hábito de fazer planos para o ano novo. Queremos mudar nossos hábitos: começar a frequentar a academia, passar mais tempo com a família, economizar mais dinheiro ou perder peso. São mudanças positivas e saudáveis. A conversão pode, sim, levar uma pessoa a mudar seus maus hábitos, mas é importante entender que a mera mudança de comportamento não é conversão. É possível alterar nossos hábitos sem passar por uma verdadeira conversão. Por exemplo, alguém pode adotar um estilo de vida mais generoso, mais humilde ou mais paciente, sem, de fato, ter nascido de novo.

 

Conversão não é adotar costumes religiosos.

 

Nicodemos, mencionado em João 3, havia passado décadas de sua vida estudando a Torá e a Lei de Deus. Ele concordava com as palavras sábias dos profetas da Antiga Aliança e entendia que o homem deveria adorar somente a Deus. Buscava obedecer aos Dez Mandamentos e era um respeitado mestre da teologia na comunidade. Ele tinha o hábito de praticar a religião, mas ainda não buscava entender as exigências de Cristo.

 

Por isso, muitas pessoas poderiam pensar que Nicodemos já era um convertido. No entanto, apesar de sua religiosidade, ele ainda não acreditava que sua vida precisava ser salva, nem reconhecia Jesus Cristo como o único Salvador. Embora a conversão produza frutos visíveis, isto é, boas obras, não são essas obras em si que definem a conversão. Uma pessoa pode ter muitas qualidades, adotar um estilo de vida mais religioso e, ainda assim, não ter experimentado a conversão.

 

Em Lucas 18:9-14, o publicano, apesar de acreditar na existência de Deus, frequentar o local religioso e realizar boas obras, não encontrava paz com Deus. Sua motivação religiosa não era suficiente para mudar seu coração, porque ele ainda não havia nascido de novo. O que faltava, portanto, não eram suas boas ações, mas a transformação interior que só a conversão verdadeira pode trazer. Ele precisava nascer de novo.

 

Conversão é ter um novo coração para com Deus.

 

A Bíblia descreve o homem natural como estando morto em suas transgressões e pecados (Efésios 2:1). Isso significa que estávamos espiritualmente mortos para Deus — não podíamos conhecê-Lo nem adorá-Lo como Deus. Nosso único desejo era buscar nossa própria satisfação, em qualquer coisa, exceto em Deus.

 

Uma pessoa morta em seus pecados está inclinada a adorar a si mesma, ou as ideias propostas pela sua cultura, ou até as celebridades da TV e jogadores de futebol. Mas essa pessoa não adora o Deus único e verdadeiro. Toda sua adoração é direcionada aos homens e ao que dura pouco tempo. É uma disposição de dar ouvidos aos próprios desejos, em vez de se submeter à Palavra de Deus. Isso é o que a Bíblia chama de "idolatria".

 

Levando em consideração 1 Tessalonicenses 1:9, quais são alguns ídolos dos nossos dias que prometem satisfação, alegria ou salvação?

 

Um homem morto em seus pecados não pode se alegrar na presença gloriosa de Deus. No processo de regeneração, Deus quebra o coração de pedra e coloca em nós um coração de carne, vivo e sensível. Esse coração passa a ouvir a voz de Deus, entende a condenação que o pecado traz e anseia por transformação verdadeira. Um coração transformado é aquele que confessa seus pecados e confia plenamente em Jesus Cristo como Salvador. Isso é o que chamamos de "conversão" ou "nascer de novo".

 

Nos dias de hoje, muitos ídolos prometem satisfação, alegria e até salvação, mas são vazios e temporários. O materialismo, por exemplo, promete felicidade por meio da posse de bens, mas nunca é suficiente. O prazer imediato, proporcionado por vícios ou indulgências, promete satisfação, mas só traz vazio. Ídolos como o status social, as redes sociais, a fama ou a busca incessante por poder também iludem, oferecendo um sentido de identidade ou importância, mas, no fim, deixam o coração vazio e insatisfeito. Esses ídolos podem até oferecer momentos de prazer ou alegria passageira, mas não podem proporcionar a verdadeira paz e salvação que só podem ser encontradas em Cristo.

 

O milagre da conversão

 

A conversão é um verdadeiro milagre que só ocorre pelo poder de Deus. Na sua carta aos Tessalonicenses, Paulo descreve esse milagre de forma clara: "Deixando os ídolos, vocês se converteram a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro." (1 Tessalonicenses 1:9). Antes, suas vidas giravam em torno dos ídolos, que eram a fonte de sua adoração e orientação.

 

Mas, ao ouvirem o Evangelho, foram chamados ao arrependimento e a confiar em Jesus Cristo como Salvador. E foi isso o que fizeram. Houve uma mudança radical e verdadeira, uma transformação de coração. Agora, adoram ao Deus vivo e se alegram com a Palavra do Deus verdadeiro. Sua nova vida é marcada pela obediência à voz de Deus, pois nasceram de novo!

 

Podemos perceber dois momentos distintos na conversão dos Tessalonicenses: o momento de deixar os ídolos e o momento de servir a Deus. Esses dois momentos são conhecidos como arrependimento e fé. O arrependimento é deixar para trás os falsos deuses e o pecado, enquanto a fé é a entrega total a Cristo, reconhecendo-O como o único Salvador.

 

Arrependimento

 

Algumas pessoas podem deixar de praticar certos pecados por diferentes motivos: talvez porque foram descobertas, ou porque perceberam que determinado pecado estava afetando sua vida financeira ou emocional. No entanto, o arrependimento bíblico vai além dessas razões. Ele significa abandonar o pecado porque reconhecemos que ele é uma ofensa contra Deus. O arrependimento legítimo nos leva a abominar o pecado e a compreendê-lo como uma transgressão contra a lei de Deus e uma afronta à Sua santidade.

 

Crer no Evangelho

 

O Evangelho revela o imenso amor de Deus por nós. Como está escrito em João 3:16: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Isso significa que a culpa e a condenação pelos nossos pecados foram colocadas sobre Jesus Cristo. Ele pagou o preço dos nossos pecados. Na cruz, Ele sofreu a morte que era nossa, mas ressuscitou vitoriosamente, derrotando a morte. Por isso, devemos crer em Sua obra redentora. Somente Jesus Cristo é digno de nossa confiança, porque só Ele foi vitorioso sobre a morte e o pecado.

 

O chamado ao arrependimento

 

Durante Seu ministério na terra, Jesus Cristo chamava Seus ouvintes ao arrependimento. Em Marcos 1:14-15, lemos: "Jesus foi para a Galileia, pregando o evangelho de Deus. Ele dizia: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho." A mesma mensagem foi proclamada pelos discípulos de Cristo, como podemos ver em Atos 20:21, onde eles anunciaram "tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo." Por isso, como cristãos, somos chamados a proclamar a mesma mensagem de arrependimento e fé.

 

Exemplos de conversão: Paulo e o malfeitor da cruz

 

Dois grandes exemplos de conversão podem ser encontrados na vida de Paulo (Atos 9:1-19) e no malfeitor crucificado ao lado de Jesus (Lucas 23:39-44). Como viviam esses homens antes de se encontrarem com Jesus Cristo? E qual foi a mudança que demonstraram após esse encontro?

 

1. Paulo: Antes de seu encontro com Cristo, Paulo (então Saulo) era um perseguidor implacável dos cristãos. Ele estava decidido a destruir a Igreja, perseguindo os seguidores de Jesus com zelo e violência. No entanto, após seu encontro com Cristo no caminho para Damasco, ele experimentou uma transformação radical. Jesus lhe apareceu e o desafiou: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (Atos 9:4). A partir desse momento, Paulo passou de perseguidor a pregador do Evangelho, dedicando sua vida a espalhar a mensagem de salvação e fundar igrejas. Sua conversão foi um exemplo claro de como um encontro com Cristo pode transformar totalmente uma pessoa, mudando seu coração e sua missão.

 

2. O malfeitor da cruz: O malfeitor crucificado ao lado de Jesus também experimentou uma conversão genuína, mas de uma forma muito diferente. Ele começou a crucificação zombando de Jesus, mas, à medida que observava a atitude de Cristo, reconheceu sua própria culpa e a inocência de Jesus. Em Lucas 23:42-43, ele se volta para Jesus e diz: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino." Esse simples ato de fé, em reconhecimento ao Senhor como Rei e Salvador, foi suficiente para que Jesus lhe respondesse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." (Lucas 23:43). A conversão do malfeitor é um exemplo de que, independentemente do passado ou das circunstâncias, a fé em Cristo pode trazer salvação até o último momento de vida.

 

Esses exemplos de Paulo e do malfeitor mostram como a conversão pode ocorrer de formas diversas, mas sempre resultando em uma mudança radical de vida. Ambos, ao se encontrarem com Jesus, mudaram seu destino. Isso reforça o poder transformador do Evangelho e o chamado ao arrependimento e à fé, que deve ser proclamado a todos.

 

A compreensão de conversão e sua influência na igreja

 

A igreja é chamada para pregar o Evangelho a todas as nações. Contudo, a eficácia da nossa evangelização é diretamente influenciada pela nossa compreensão sobre o que é a conversão.

 

Se entendermos a conversão como um ato superficial, no qual as pessoas simplesmente adotam hábitos diferentes, nossa evangelização se focará mais em mudar comportamentos do que em proclamar a obra redentora de Cristo. Nesse caso, falaremos mais de conduta moral e boas obras do que da necessidade urgente de um novo nascimento espiritual.

 

Se, por outro lado, entendermos a conversão como uma simples adoção de uma vida religiosa, estaremos distorcendo o verdadeiro propósito do Evangelho. A conversão bíblica não é sobre seguir um conjunto de rituais, regras ou hábitos religiosos; ela nos chama ao arrependimento genuíno pelos nossos pecados e à confiança na obra salvadora de Jesus Cristo.

 

O Evangelho de Jesus Cristo, no entanto, nos revela que a conversão é uma obra poderosa de Deus. Ela é uma manifestação da Sua misericórdia e graça. Deus nos chama a nos arrepender dos nossos pecados e a confiar plenamente em Cristo, que é o único Salvador. A conversão é, portanto, uma transformação radical que ocorre no coração do crente, operada pelo Espírito Santo.

 

Devemos, assim, nos submeter à Palavra de Deus e obedecer à Sua voz. O chamado ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo não se limita ao início da nossa vida cristã, mas é um convite diário, constante, que devemos responder a cada dia.

 

Em Jesus Cristo, encontramos perdão para nossos pecados, esperança para nossa vida e um coração transformado. Ele nos oferece a verdadeira mudança que só Ele pode realizar.

 

Conclusão

 

A compreensão da conversão é fundamental para a missão da igreja. Quando entendemos que a conversão não é uma mudança superficial de hábitos ou apenas uma adoção de práticas religiosas, mas uma obra poderosa de Deus no coração do pecador, nossa evangelização ganha profundidade e autenticidade.

 

A conversão, como um milagre de misericórdia e graça divina, nos chama ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo, e não é algo que se limita ao início da nossa caminhada cristã, mas é um processo contínuo de transformação. Em Cristo, encontramos perdão, renovação e a verdadeira mudança de vida. Portanto, como igreja, devemos proclamar o Evangelho em sua plenitude, convidando todos a se submeterem à Palavra de Deus e a responderem ao chamado de transformação oferecido por Ele.

 

Graça e paz!

Garberson Alencar

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