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A cruz. Seu verdadeiro significado e a história por trás da prática brutal da crucificação.

Foto do escritor: Garberson AlencarGarberson Alencar

Atualizado: 13 de nov. de 2024

O que a cruz realmente simboliza? Será que é correto usar um pingente de cruz?

 

A crucificação mais conhecida e marcante de todos os tempos ocorreu quando Jesus Cristo foi morto pelos romanos. No entanto, Ele não foi o único ser humano a morrer na cruz.

 

Há muito tempo, durante séculos, milhares de pessoas foram crucificadas. Naquela época, a crucificação era considerada uma das formas mais brutais e humilhantes de execução. Em Roma, o processo de crucificação era demorado, envolvendo tortura física e psicológica antes que a vítima fosse pregada e suspensa na cruz.

 

Havia diferentes métodos para realizar a execução. Normalmente, após ser torturada, a vítima era obrigada a carregar a trave horizontal da cruz até o local onde a haste vertical já estava fixada no chão. Despido de suas roupas, seja antes ou depois da tortura, o condenado era amarrado com os braços abertos à trave ou pregado a ela pelos pulsos.

 

A trave (parte horizontal da cruz) era levantada e colocada sobre o eixo vertical, sendo fixada a cerca de 3 metros do solo. Em seguida, os pés da vítima eram amarrados ou pregados na haste vertical. Uma saliência no meio da haste vertical dava algum apoio ao corpo; uma saliência semelhante para os pés, porém, era rara. Sobre a cabeça do criminoso, era colocado um aviso informando seu nome e o crime que havia cometido.

 

A morte geralmente ocorria devido à má circulação sanguínea, falência de órgãos e asfixia, enquanto o corpo se esforçava para suportar seu próprio peso. Esse processo podia ser acelerado ao se quebrarem as pernas da vítima com uma clava de ferro, o que a impedia de suportar o peso do corpo, dificultando ainda mais a respiração e aumentando a asfixia.

 

Como começou essa terrível sentença de morte? E que tipos de pessoas geralmente eram crucificadas?

 

A crucificação provavelmente teve início com os assírios e babilônios, e foi praticada de forma sistemática pelos persas no século VI a.C. Nessa época, as vítimas eram geralmente amarradas, com os pés pendurados a uma árvore ou poste. As cruzes, como as conhecemos, só foram utilizadas durante o período romano.

 

Mais tarde, Alexandre, o Grande, ao invadir a Pérsia enquanto expandia seu império, trouxe a prática para os países do Mediterrâneo oriental no século IV a.C. As autoridades romanas, no entanto, só passaram a conhecer a crucificação durante as Guerras Púnicas, no século III a.C., quando lutavam contra Cartago. Nos 500 anos seguintes, os romanos "aperfeiçoaram" a crucificação, tornando-a uma forma de execução extremamente brutal. Esse método foi finalmente abolido por Constantino I no século IV d.C.

 

O fato de a crucificação ser vista como uma forma extremamente vergonhosa de morrer fez com que Roma evitasse crucificar seus próprios cidadãos. Em vez disso, essa punição era aplicada a escravos, soldados traidores, cristãos, ladrões, estrangeiros, e, especialmente, a ativistas políticos. A prática da crucificação era reservada para os transgressores da pior espécie.

 

De acordo com o historiador judeu-romano Flávio Josefo, a crucificação se tornou comum na Terra Santa durante a ocupação romana. Em 4 a.C., o general romano Varus crucificou 2.000 judeus, e houve crucificações em massa ao longo do primeiro século d.C. “Cristo foi crucificado sob a acusação de instigar uma rebelião contra Roma, ao lado de fanáticos e outros ativistas políticos”.

 

No entanto, quando Roma crucificava seus inimigos, as tribos locais não demoravam a adotar a mesma prática. Por exemplo, em 9 d.C., o líder germânico Arminius, após sua vitória sobre o general Varus, crucificou muitos dos soldados romanos derrotados. Da mesma forma, em 28 d.C., membros de tribos germânicas crucificaram coletores de impostos romanos.

 

O que a crucificação causava?

 

Em Roma, as pessoas condenadas à crucificação eram primeiramente torturadas com açoites, com exceção das mulheres, dos senadores romanos e dos soldados (a menos que tivessem desertado). Durante a tortura, uma pessoa era despida, amarrada a um poste e depois açoitada nas costas, nádegas e pernas por soldados romanos.

 

Essas chicotadas excessivas enfraqueceriam a vítima, causando ferimentos profundos, dor intensa e sangramento. “Frequentemente a vítima desmaiava durante tortura". A morte súbita era comum. "A vítima geralmente era humilhada e depois forçada a carregar a trave (parte horizontal da cruz) amarrada nos ombros até o local da execução."

 

A crueldade não parou por aí. Às vezes, os soldados romanos feriam ainda mais a vítima, cortando-lhe uma parte do corpo, como a língua, ou cegando-a. Em outra situação horrível, Flávio Josefo relatou como os soldados comandados por Antíoco IV, o rei grego helenístico do Império Selêucida, penduravam pelo pescoço o filho estrangulado da vítima.

 

Em Jerusalém, as mulheres ofereciam à vítima uma bebida analgésica, geralmente de vinho e mirra ou incenso. Em seguida, a vítima era amarrada ou pregada no patíbulo (palanque montado em local aberto para executar as vítimas). Depois disso, o patíbulo era levantado e fixado no poste vertical da cruz, e os pés eram amarrados ou pregados nele.

 

Enquanto a vítima aguardava a morte, os soldados costumavam dividir as roupas da vítima entre si. Mas a morte nem sempre vinha rapidamente; demorava de três horas a quatro dias para a vítima vir a óbito. Às vezes, o processo era acelerado por abusos físicos adicionais por parte dos soldados romanos.

 

Quando a pessoa morria, os familiares podiam recolher e enterrar o corpo, desde que recebessem autorização de um juiz romano. Caso contrário, o cadáver era deixado na cruz, onde animais predadores e pássaros o devoravam.

 

Para investigar a crucificação (sem realmente matar ninguém), pesquisadores alemães amarraram voluntários pelos pulsos a uma cruz e monitoraram sua atividade respiratória e cardiovascular na década de 1960. Após apenas 6 minutos, os voluntários começaram a ter dificuldade para respirar, com a pulsação dobrando e a pressão arterial caindo drasticamente, de acordo com um estudo de 1963 publicado na revista Berlin Medicine (Berliner Medizin). O experimento teve que ser interrompido após cerca de 30 minutos devido às fortes dores nos pulsos.

 

Dessa forma, as vítimas poderiam morrer de diversas causas, incluindo falência múltipla de órgãos e insuficiência respiratória. Considerando o sofrimento extremo causado por essa prática, não é surpreendente que a palavra "excruciante" tenha surgido para descrever a dor intensa associada à crucificação.

 

Como surgiu a veneração à cruz?

 

A ideia de que a cruz é um símbolo cristão ou que representa Cristo não tem base nas Escrituras e pode ser considerada uma heresia. A veneração à cruz foi oficialmente estabelecida no ano de 788 d.C., por ordem da imperatriz Irene de Constantinopla, por meio de um concílio da Igreja convocado pelo papa Adriano I. Essa prática, no entanto, é chamada de idolatria na Bíblia, e é severamente condenada. (Veja Êxodo 20:4; 3:17; Deuteronômio 27:15; Salmo 115).

 

Conclusão

 

É provável que muitos já tenham visto filmes em que uma cruz é usada para afastar o mal. A ideia é que segurar uma réplica de uma cruz possa proteger contra as forças malignas. Outros usam uma cruz no pescoço como se fosse um amuleto da sorte, atribuindo-lhe algum tipo de poder.

 

No entanto, não há nada de mágico em uma cruz. Uma cruz não afastará o mal mais do que qualquer outro objeto que alguém possa segurar. Ela é simplesmente um objeto sem vida e sem poder. Nem mesmo a cruz em que Jesus foi pendurado tem poder por si só. A cruz foi um instrumento de execução cruel, utilizado pelos romanos.

 

Porém, não faz sentido algum usar como adorno algo que simboliza a morte. Se Jesus tivesse vivido recentemente e sido condenado à morte por um método comum nos Estados Unidos, como a cadeira elétrica, você usaria uma réplica de uma cadeira elétrica como pingente, pendurado no pescoço?

 

A cruz era um instrumento de morte nos tempos dos romanos, e milhares de pessoas foram crucificadas com ela. Ela era um símbolo de julgamento e condenação.

 

Mas Jesus Cristo morreu e ressuscitou. Ele está vivo agora. O Cristo morto na cruz não pode nos salvar, mas o Cristo ressuscitado, sim; Ele intercede por nós.

 

Graça e paz!

Garberson Alencar

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