O que a cruz realmente simboliza? Será correto carregar uma cruz no pingente?
A crucificação mais conhecida e marcante de todos os tempos ocorreu quando Jesus Cristo foi morto pelos romanos. Ele não foi o único ser humano a morrer na cruz.
A muito tempo atrás, durante um longo período, milhares de pessoas foram crucificadas. Naquela época, a crucificação era considerado uma das formas mais brutais e vergonhosas de morrer. Em Roma, o processo de crucificação foi longo, envolvendo tortura física e moral antes da vítima ser pregada e pendurada na cruz.
Havia vários métodos para realizar a execução. Normalmente, a vítima, após ser torturado, arrastava a trave da sua cruz até o local onde a haste vertical já estava fixada no chão. Despido de suas roupas naquele momento ou antes da tortura, o condenado era amarrado com os braços abertos na trave ou pregado a ela pelos pulsos.
A trave (parte horizontal da cruz) era elevada e posta sobre o eixo vertical e fixada nele a aproximadamente 3 metros do solo. Em seguida, os pés eram amarrados ou pregados na haste vertical. Uma saliência posta no meio da haste vertical dava apoio ao corpo; uma saliência semelhante para os pés era rara. Sobre a cabeça do criminoso era colocado um aviso informando seu nome e seu crime.
Finalmente, a morte ocorria por conta da má circulação sanguínea, falência de órgãos e asfixia enquanto o corpo se esforçava sob seu próprio peso. Esse processo podia ser acelerado quebrando-se as pernas da vítima com uma clava de ferro, que as impedia de suportar o peso do corpo dificultando a respiração, aumentando a asfixia.
Como começou esta terrível sentença de morte? E que tipos de pessoas geralmente eram crucificadas?
A crucificação provavelmente começou com os assírios e babilônios, e também foi praticada sistematicamente pelos persas no século VI a.C. Nessa época, as vítimas geralmente eram amarradas com os pés pendurados a uma árvore ou poste; as cruzes só foram usadas na época romana.
A partir daí, Alexandre, o Grande, que invadiu a Pérsia enquanto construía o seu império, trouxe a prática para os países do Mediterrâneo oriental no século IV a.C. As autoridades romanas não tinham conhecimento da prática até a encontrarem enquanto lutavam contra Cartago durante as Guerras Púnicas no terceiro século a.C. Durante os 500 anos seguintes, os romanos "aperfeiçoaram a crucificação" até que Constantino I a aboliu no século IV d.C.
O fato da crucificação ser vista como uma forma extremamente vergonhosa de morrer, Roma não crucificava os seus próprios cidadãos. Em vez disso, escravos, soldados traidores, cristãos, ladrões, estrangeiros (em particular ativistas políticos), perderam suas vidas desta forma. A prática da crucificação era aplicada à transgressores da pior espécie.
De acordo com o historiador judeu-romano Flávio Josefo, essa prática tornou-se popular na Terra Santa no período quando ocupada pelos romanos. Em 4 a.C., o general romano Varus crucificou 2.000 judeus, e houve crucificações em massa durante o primeiro século d.C. “Cristo foi crucificado sob o pretexto de ter instigado a rebelião contra Roma, ao lado dos fanáticos e de outros ativistas políticos”.
Contudo, quando Roma crucificou os seus inimigos, as tribos locais não perderam tempo em fazer o mesmo. Por exemplo, em 9 d.C., o vitorioso líder germânico Arminius crucificou muitos dos soldados derrotados que lutaram com o general Varus, e em 28 d.C. membros de tribos germânicas crucificaram coletores de impostos romanos.
O que a crucificação causava?
Em Roma, as pessoas condenadas à crucificação eram primeiramente torturadas com açoites, com exceção das mulheres, dos senadores romanos e dos soldados (a menos que tivessem desertado). Durante a tortura, uma pessoa era despida, amarrada a um poste e depois açoitada nas costas, nádegas e pernas por soldados romanos.
Essas chicotadas excessivas enfraqueceriam a vítima, causando ferimentos profundos, dor intensa e sangramento. “Frequentemente a vítima desmaiava durante tortura". A morte súbita era comum. "A vítima geralmente era humilhada e depois forçada a carregar a trave (parte horizontal da cruz) amarrada nos ombros até o local da execução."
A crueldade não parou por aí. Às vezes, os soldados romanos feriam ainda mais a vítima, cortando-lhe uma parte do corpo, como a língua, ou cegando-a. Em outra situação horrível, Flávio Josefo relatou como os soldados comandados por Antíoco IV, o rei grego helenístico do Império Selêucida, penduravam o filho estrangulado da vítima no pescoço.
Em Jerusalém, as mulheres ofereciam à vítima uma bebida analgésica, geralmente de vinho e mirra ou incenso. Em seguida, a vítima era amarrada ou pregada no patíbulo (palanque montado em local aberto para executar as vítimas). Depois disso, o patíbulo era levantado e fixado no poste vertical da cruz, e os pés eram amarrados ou pregados nele.
Enquanto a vítima aguardava a morte, os soldados costumavam dividir as roupas da vítima entre si. Mas a morte nem sempre vinha rapidamente; demorava de três horas a quatro dias para a vítima vir a óbito. Às vezes, o processo era acelerado por abusos físicos adicionais por parte dos soldados romanos.
Quando a pessoa morria, os familiares podiam recolher e enterrar o corpo, desde que recebessem autorização de um juiz romano. Caso contrário, o cadáver era deixado na cruz, onde animais predadores e pássaros o devoravam.
Para investigar a crucificação (sem realmente matar ninguém), investigadores alemães amarraram voluntários pelos pulsos a uma cruz e depois monitorizaram a sua atividade respiratória e cardiovascular na década de 1960. Em 6 minutos, os voluntários tiveram dificuldade para respirar, a pulsação dobrou e a pressão arterial despencou, de acordo com o estudo de 1963 publicado na revista Berlin Medicine (Berliner Medizin). O experimento teve que ser interrompido após cerca de 30 minutos, por causa de dores no pulso.
Com tudo, as vítimas poderiam morrer de várias causas, incluindo falência de múltiplos órgãos e insuficiência respiratória. Tendo em vista o sofrimento que essa prática causava, não é de admirar que a crucificação tenha gerado a palavra “excruciante”.
Como surgiu a veneração à cruz?
A ideia de que a cruz é um símbolo cristão, ou que representa a Cristo, não passa de heresia. A veneração à cruz foi criada no ano de 788 d.C. por ordem da Imperatriz Irene de Constantinopla, por meio de um concílio da igreja, solicitado pelo papa de Roma Hadrian I. Tal prática é simplesmente chamada de IDOLATRIA na Bíblia, e é severamente condenada. (Leia Êxodos 20:4; 3:17; Deuteronômio 27:15: Salmos 115).
Conclusão:
Acredito que muitos já assistiram filmes em que uma cruz é usada para afastar o mal. A ideia é que segurar a réplica de uma cruz protegerá contra as forças do mal. Outros usam uma cruz no pescoço como se fosse um amuleto da sorte, dando algum valor à quem a usa.
Não há nada de mágico numa cruz. Uma cruz não afastará o mal mais do que qualquer outro objeto que uma pessoa possa segurar. É apenas um objeto sem vida e sem poder. Nem mesmo a cruz em que Jesus foi pendurado não tem poder algum. A cruz foi um instrumento de execução cruel usado pelos romanos.
No entanto, não faz sentido algum usar algo pendurado no pescoço que simboliza a morte. Se por acaso, Jesus tivesse vindo a alguns anos atrás, e fosse condenado à morte por um método comum utilizado nos Estados Unidos, que era o caso da cadeira elétrica, você usaria a réplica de uma cadeira elétrica no pingente, pendurado no pescoço?
A cruz era um instrumento de morte nos dias dos romanos, e que milhares de pessoas foram crucificados, era um elemento de juízo de morte.
Jesus Cristo morreu e ressuscitou, Ele está vivo nesse momento. Esse Cristo morto e pregado em uma cruz não pode nos salvar, mas o Cristo ressurreto, esse intercede por nós. Graça e paz!
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Garberson Alencar
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