A Bíblia é traduzida desde, pelo menos, a época de Esdras e Neemias (leia Ne 8.8). Naquela época, era necessário fazer uma tradução oral ou falada para o aramaico, necessidade sentida ainda nos tempos de Jesus. No entanto, a mais antiga tradução da Bíblia em forma escrita é a Septuaginta, que foi feita ao longo dos últimos 200 ou 300 anos antes de Cristo.
Septuaginta – É uma tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, feita no Egito, para a comunidade judaica que não mais entendia o texto bíblico em hebraico. É claro que a Septuaginta inclui também alguns livros que foram, originalmente, escritos em grego. O termo “Septuaginta” significa “Setenta” e é derivado da tradição de que foram 72 sábios de Israel (seis de cada tribo) que fizeram a tradução, a pedido do rei do Egito.
Foi a Bíblia utilizada por muitos dos primeiros cristãos, inclusive apóstolos e evangelistas. Nas cartas de Paulo, por exemplo, uma de cada três citações do Antigo Testamento parece ter sido tirada diretamente da Septuaginta. Além disso, a Septuaginta ajuda a entender a linguagem do Novo Testamento, em especial o novo significado de palavras gregas. Um exemplo disso é a palavra dóxa, que significa “opinião”, mas que a partir da Septuaginta, adquiriu também o significado de “glória”.
Outras traduções – Depois, já na era cristã, surgiram novas traduções, para línguas como o copta (no Egito), o etíope, o siríaco (no norte da terra de Israel), e o latim, além de muitas outras. A tradução para o latim é, com certeza, a mais importante, por sua ampla utilização no Ocidente, especialmente ao longo da Idade Média.
A Vulgata – A tradução mais importante ao latim é a (Vulgata), feita pelo eminente biblista Jerônimo, no final do quarto século e começo do quinto século (mais ou menos 400 d.C.).Tudo indica que Jerônimo fez apenas uma revisão do texto latino do Novo Testamento.
No caso do Antigo Testamento, fez uma nova tradução a partir do original hebraico (que ele chamava de veritas hebraica, ou “verdade hebraica”), pois as traduções latinas existentes na época haviam sido feitas a partir da Septuaginta grega. Para fazer uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos.
Estudou hebraico com rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como “Vulgata”, ou seja, a tradução “divulgada” ou “difundida”. Embora não tenha sido imediatamente aceita (afinal, era diferente das outras traduções conhecidas na época), tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.
John Wycliffe
Traduções na Europa – Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim, na tradução de Jerônimo.
Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para a Irlanda, a Escócia e a Inglaterra, e certamente havia cristãos no exército romano que dominou aquela região durante o segundo e o terceiro séculos.
Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo dessa região é a do Venerável Beda. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós.
John Wycliffe – Nascido por volta do ano de 1330, no interior da Inglaterra, Wycliffe tem o seu nome associado à primeira tradução da Bíblia para o inglês. Os líderes da Igreja se opuseram violentamente à Bíblia em inglês e perseguiram Wycliffe.
Ele foi condenado postumamente, ou seja, depois de morto, tendo o corpo desenterrado e queimado.
Martinho Lutero
Lutero – Lutero traduziu o Novo Testamento para o alemão, num período de onze semanas, quando estava refugiado no castelo de Wartburg. Essa tradução foi publicada em setembro de 1522. A tradução do Antigo Testamento só foi concluída após 12 anos de trabalho (publicada em 1534), sendo que Lutero contou com a colaboração de uma equipe de professores de teologia de Wittenberg (que não se dedicaram ao projeto em regime de tempo integral).
A tradução de Lutero antecipa, em parte, o modelo de tradução de equivalência dinâmica, utilizado na Nova Tradução na Linguagem de Hoje. (Lutero) se expressou assim: “Não se deve perguntar às letras na língua latina como se deve falar em alemão, (…) e sim, é preciso perguntar à mãe em casa, às crianças na rua, ao popular na feira, ouvindo como falam, e traduzir do mesmo jeito, então vão entender e notarão que se está falando alemão com eles”. Por ter seguido este princípio, a tradução da Bíblia feita por Lutero caiu no gosto popular, embora não tivesse sido a primeira tradução para a língua alemã.
Reina-Valera – A Reina-Valera é, no mundo de fala espanhola, o que Almeida é no mundo de fala portuguesa: a tradução mais apreciada pelos evangélicos. O nome vem de Casiodoro de Reina, que fez a tradução original, em 1569, e de Cipriano de Valera, que fez a revisão, em 1602.
King James Version – Esta tradução da Bíblia, que já completou quatro séculos e ainda é bastante usada no mundo de fala inglesa, surgiu em 1611. Foi encomendada por um rei britânico, razão pela qual se chama de “tradução do rei James”. Não foi, a rigor, uma nova tradução, mas uma edição que combinou traduções anteriores, incluindo as de Wycliffe e William Tyndale.
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