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Imagens de escultura e os ídolos contemporâneos


“Imagens de escultura” não é uma frase que normalmente usamos em conversas cotidianas. No entanto, muitos de nós provavelmente a reconhecemos como parte dos Dez Mandamentos, onde elas são proibidas. Êxodo 20:4, afirma: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

 

Embora as imagens de escultura possam não parecer as mesmas para nós hoje, o segundo mandamento é tão aplicável agora quanto era quando Deus as proibiu nos Dez Mandamentos. Portanto, isso é algo com o qual ainda precisamos ser cautelosos. Na Bíblia, existem inúmeras passagens onde mostra Deus condenando as imagens de escultura.

 

O que é uma imagem de escultura?

 

A palavra hebraica “pesel”, que é traduzida para “imagem esculpida” em Êxodo 20:4, também pode ser traduzida como “ídolo” ou “imagem”. Juízes 18:14 dá mais contexto, diferenciando entre uma imagem esculpida “pesel” e uma imagem fundida “maccekah”. Assim, uma imagem de escultura era esculpida, como em pedra, madeira ou metal, uma estátua ou uma escultura em relevo como em uma parede ou poste (como um poste de Aserá).

 

Os ídolos eram comuns no mundo pagão ao redor dos israelitas. Quando Deus deu os Dez Mandamentos, os israelitas tinham acabado de deixar o Egito, onde os egípcios adoravam dezenas, até centenas, de deuses representados por ídolos. Esses deuses desempenhavam um papel central na cultura e na espiritualidade do Antigo Egito, representando forças da natureza, aspectos da vida humana e a ordem cósmica.

 

Na visão dos egípcios, cada divindade tinha atributos específicos e era associada a elementos como o sol, o Nilo, a fertilidade e a morte. Figuras como Rá, Ísis, Osíris e Anúbis eram veneradas em templos grandiosos e em rituais que refletiam a relação profunda entre os egípcios e o divino. Essas crenças moldaram a arte, a arquitetura e os valores dessa antiga civilização. Acreditava-se que as imagens de escultura detinham o poder dos deuses.


Estátua de Anúbis
Estátua de Anúbis

Os deuses no antigo Oriente Próximo podiam ser sanguinários. Os cananeus eram conhecidos por sacrificar crianças a Moloque diante de sua estátua, enquanto os profetas de Baal se cortavam para invocar a atenção de seu deus, como mostra 1Reis 18:28. Esses ídolos eram frequentemente moldados como figuras humanoides, animais ou uma mistura de ambos. E, embora fosse reconhecido que os ídolos eram construídos por mãos humanas, acreditava-se que os deuses, ou pelo menos partes de seu poder, ainda residiam neles.

 

É notável que quando a Bíblia se refere a essas “imagens de escultura”, agora geralmente traduzidas como ídolos, ela está se referindo especificamente a objetos de adoração. E, embora curvar-se diante de uma pedra ou estátua possa soar como bobagem para muitos de nós, esse era um grande problema para os israelitas. A Bíblia King James menciona “imagens esculpidas” cerca de 40 vezes.

 

Por que a idolatria é um assunto tão importante na Bíblia?

 

Uma grande parte da idolatria era a tentativa de exercer algum controle sobre as circunstâncias. Se uma pessoa pudesse encontrar a força que controlava um aspecto específico de sua vida — por exemplo, um fazendeiro encontrando um deus da chuva — uma pessoa poderia construir um templo e oferecer sacrifícios para apaziguar e persuadir o deus a agir de maneira favorável. Talismãs podiam ser criados para oferecer proteção, e ídolos domésticos eram colocados para trazer bênçãos à família.

 

Os deuses eram geralmente considerados tempestuosos e imprevisíveis, mas por meio de rituais, encantos e outros meios, os adoradores ganhavam alguma sensação de controle e segurança, embora tudo isso fosse mera ilusão. Considerando que a idolatria era a religião predominante naquela época, não é surpresa que esse fosse um grande problema que Deus teve que resolver com os israelitas repetidas vezes.

 

Embora seja impossível afirmar exatamente o que levou um israelita individual à idolatria, o fascínio ao longo da história de Israel provou ser irresistível para muitos. Talvez tenha sido a conveniência de dar sacrifícios a ídolos para obter o que queriam, em vez de entregar suas vidas ao serviço de Deus. Ou talvez fosse a ilusão de ter algum tipo de controle sobre as circunstâncias. Certamente, em muitos casos, a idolatria foi fomentada pela influência dos que os cercavam. Reis como Salomão e Acabe, por exemplo, permitiram que a idolatria prosperasse e os consumisse devido à influência de suas esposas estrangeiras.

 

Ao contrário dos panteões de outras religiões, o Senhor se recusou a ser um dos muitos deuses. Ele alegou ser o único Deus, e Ele não daria a Sua glória a nenhum outro, e nem o Seu louvor às imagens de esculturas (Isaías 42:8). Deuteronômio 6:4-5 diz: “Escute, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Portanto, ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força.” A idolatria ainda hoje rouba a glória e a honra que pertencem unicamente a Deus.

 

Deus não pode ser contido

 

Outra parte do fascínio da idolatria era a capacidade de ver os seus deuses. Uma pessoa podia se curvar diante de uma estátua física ou carregar um talismã físico. Mas o Senhor se recusou a ser reduzido dessa forma. O Senhor é o “Rei eterno, imortal, invisível, Deus único...” (1Timóteo 1:17).


Essa prática revela a inclinação humana de buscar algo visível e tangível para adorar, pois muitos têm dificuldade em se relacionar com o Deus invisível e verdadeiro, cuja essência transcende qualquer representação material. Essa limitação humana frequentemente os afasta do verdadeiro culto espiritual e os prende à adoração de coisas criadas, em vez do Criador.

 

Quando Arão construiu o bezerro de ouro para os israelitas adorarem como Deus no deserto enquanto Moisés estava ocupado com Deus no Monte Sinai, Moisés e Deus ficaram tão indignados que Moisés moeu o bezerro e forçou os israelitas a beber o pó (Êxodo 32:20). O Senhor então ordenou que três mil pessoas fossem mortas (Êxodo 32:28). É tolice acreditar que o Deus de todo o universo poderia ser contido por qualquer objeto terrestre.

 

Na época de Jesus e dos primeiros cristãos, os israelitas (agora chamados de judeus) não lutavam mais com a adoração de ídolos físicos. Depois que sua imoralidade e idolatria desenfreadas levaram à queda de Israel e Judá e anos de cativeiro estrangeiro, o judaísmo se solidificou e a Lei foi aplicada de forma mais rigorosa. No entanto, a idolatria ainda é discutida no Novo Testamento. Sem a expressão “imagens de escultura”, como isso é possível? Exploraremos isso abaixo.

 

Essa proibição ainda está vigente hoje?

 

A proibição acerca das imagens de escultura, ou ídolos, sem sombra de dúvidas, ainda é vigente, embora possa ser aplicada de diversas formas nos dias de hoje. Quando o Novo Testamento fala sobre ídolos, não se trata apenas de estátuas ou altares, mas qualquer coisa que uma pessoa coloca antes de Deus em importância em sua vida. Colossenses 3:5 afirma: “Portanto, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão lasciva, desejos malignos e a ganância, que é idolatria.

 

Um ídolo é qualquer coisa em que colocamos nossa confiança no lugar de Deus. Em Juízes 10, os israelitas abandonaram o Senhor e passaram a adorar ídolos. Quando enfrentaram dificuldades, clamaram a Deus por socorro. No entanto, Deus respondeu: "Vão e clamem aos deuses que vocês escolheram. Que eles os salvem quando vocês estiverem em dificuldade!" (Juízes 10:14). Percebendo a incapacidade de seus ídolos para ajudar, os israelitas se arrependeram, e Deus, em Sua misericórdia, os livrou.

 

Assim como os ídolos literais descritos em Juízes, os "ídolos" modernos são aquilo em que depositamos nossa confiança e esperança, acreditando que podem nos salvar — até que inevitavelmente falhem.

 

Quais são alguns exemplos de ídolos modernos?

 

Algumas pessoas, ainda nos dias de hoje, veneram imagens esculpidas em forma de estátuas, como é comum entre os católicos romanos. Outras colocam sua confiança em objetos como talismãs ou amuletos, que são formas evidentes de idolatria. Exemplos disso incluem uma Bíblia aberta na sala, frequentemente vista em muitas casas, sendo utilizada não como um instrumento de leitura e estudo espiritual, mas como se fosse um amuleto ou um objeto capaz de afastar o mal do ambiente.

 

Entretanto, para muitos, os ídolos podem ser mais sutis e difíceis de detectar. Eles se tornam mais evidentes quando nos perguntamos: "De onde vem minha segurança e proteção?" É do dinheiro? Do trabalho? Da saúde física? Todas essas coisas, embora importantes, são falíveis, temporárias e não possuem os atributos de Deus.

 

Não há nada de errado em possuir dinheiro, ter um bom emprego, cuidar da saúde ou desfrutar de outras bênçãos. No entanto, elas se tornam problemáticas quando ocupam o lugar de Deus em nossa confiança e dependência. Jamais podemos colocar essas coisas acima de Deus em nossas vidas.

 

Também podemos nos perguntar: "O que é mais importante para mim?" É a fama? Um hobby ou carreira? Dinheiro? Poder? Comida? Relacionamentos? Após identificar essas prioridades, devemos refletir: "Tenho dado mais importância a essas coisas do que ao meu relacionamento com Deus?" E, ainda, "Estaria disposto a abrir mão delas se o Senhor pedisse?"

 

Os ídolos de hoje são tão sedutores quanto eram para os israelitas no passado. É comum observar muitas pessoas idolatrando figuras públicas, como líderes religiosos, cantores, atores e jogadores, além de objetos materiais. Quando lemos sobre ídolos e imagens esculpidas, que isso nos sirva como um lembrete: devemos colocar Deus acima de tudo em nossas vidas e adorá-Lo somente.


Conclusão

 

A idolatria, seja na forma de imagens de escultura do passado ou nos ídolos sutis da atualidade, continua sendo uma questão relevante e desafiadora. Assim como Deus advertiu os israelitas a colocarem Sua soberania acima de tudo, somos convidados a refletir sobre nossas prioridades e garantir que nada tome o lugar de Deus em nossas vidas.

 

A verdadeira adoração não se limita a objetos visíveis ou práticas superficiais, mas está enraizada em um relacionamento sincero e profundo com o Criador. Que possamos buscar em Deus, e somente n'Ele, nossa segurança, propósito e plenitude.

 

Graça e paz!

Garberson Alencar.

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