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Maria teve outros filhos?

Foto do escritor: Garberson AlencarGarberson Alencar

Atualizado: 19 de nov. de 2024


Um dos ensinamentos mais controversos da Igreja Católica é o da virgindade perpétua de Maria. Esta doutrina afirma que Maria permaneceu virgem após o nascimento de Jesus, e que as referências bíblicas que mencionam os "irmãos de Jesus" seriam, na verdade, referências a primos. Isso é sustentado pelo Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 510.

 

À medida que a veneração a Maria se intensificou ao longo dos séculos, a "tradição" tornou-se um dos principais meios de criação de novas doutrinas, muitas das quais não estão ensinadas nas Escrituras. A virgindade de Maria é claramente mencionada na Bíblia, especialmente no relato do nascimento de Jesus. No entanto, a doutrina de que Maria teria mantido sua virgindade perpetuamente após o parto de Jesus não encontra apoio nas Escrituras. A Bíblia sugere que ela teve filhos após o nascimento de Jesus.

 

A Bíblia também revela que Maria teve outros filhos e que Jesus teve irmãos e irmãs. Os textos bíblicos não afirmam que Maria permaneceu virgem ou que não teve outros filhos após o nascimento de Jesus. Ela manteve sua virgindade até dar à luz a Jesus, conforme orientado pelo anjo (veja Mateus 1:24-25).

 

Vale lembrar que Maria "deu à luz ao seu filho primogênito...", conforme Lucas 2:7. A palavra primogênito significa: "primeiro filho; aquele que nasceu primeiro; aquele que foi gerado antes dos outros irmãos; filho mais velho...". Portanto, Jesus foi o filho mais velho do casal.

 

Por outro lado, na relação entre Deus Pai e Deus Filho, Jesus é chamado de unigênito, ou seja, o único gerado por Seu Pai (Deus), como é expresso em João 3:16: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".

 

A Bíblia não afirma que Maria permaneceu virgem e não teve filhos. Na verdade, a Bíblia sugere o contrário:

 

Mateus 1:24-25: “Quando José despertou do sono, fez como o anjo do Senhor lhe havia ordenado e recebeu Maria por esposa. Porém não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.

 

Lucas 2:6-7: "E aconteceu que, estando eles ali, chegou o tempo de ela ter a criança. Então Maria deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou o menino e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria."

 

Mateus 12:46-47: “Enquanto Jesus ainda falava ao povo, eis que a mãe e os irmãos dele estavam do lado de fora, procurando falar com ele. E alguém lhe disse: A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor.”

 

Mateus 13:55: “Não é este o filho do carpinteiro? A sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas?

 

Marcos 6:2-3: “Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vem tudo isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais milagres por suas mãos? Não é este o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não vivem aqui entre nós?

 

João 2:12: “Depois disso, ele foi a Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.

 

Atos 1:14: “Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele."

 

1 Coríntios 9:4-5: “será que nós não temos o direito de comer e beber? Será que não temos o direito de levar conosco uma mulher crente como esposa, como fazem os demais apóstolos, os irmãos do Senhor e Cefas?

 

Gálatas 1:18-19: “Passados três anos, fui a Jerusalém para me encontrar com Cefas e fiquei quinze dias com ele. E não vi outro dos apóstolos, a não ser Tiago, o irmão do Senhor."

 

Os textos bíblicos mencionados acima parecem esclarecer a questão: Jesus tinha irmãos e irmãs. No entanto, apesar da evidência desses textos, ainda existem argumentos por parte de teólogos católicos romanos.

 

O principal argumento contra a interpretação desses textos bíblicos é o de que a palavra "irmão" é usada em diferentes contextos, o que pode gerar confusão. Em algumas passagens, o termo "irmão" refere-se a filhos dos mesmos pais (Mateus 1:2; 14:3), em outras, pode indicar descendentes de um mesmo antepassado (Atos 7:23, 26; Hebreus 7:5), ou ainda, pode se referir aos judeus como um todo (Atos 7:23, 26; Hebreus 7:5; Atos 3:17, 22). Além disso, o termo "irmão" também é utilizado para se referir aos irmãos em Cristo ou até mesmo a primos de Jesus, dependendo do contexto.

 

Certamente, haveria espaço para tal argumento se não tivéssemos acesso aos textos na língua original em que a Bíblia foi escrita. No entanto, os diferentes contextos em que as palavras são usadas conferem significados distintos. Não faz sentido afirmar que, por uma palavra ter múltiplos significados, ela pode ser aplicada indiscriminadamente a outros textos. Em outras palavras, só porque a palavra "irmão" pode significar "companheiro judeu" em algum trecho, isso não implica que ela tenha o mesmo significado em outro. Portanto, cada versículo deve ser analisado em seu contexto específico para que possamos entender corretamente o seu significado.

 

Vamos analisar brevemente alguns versículos que tratam dos irmãos de Jesus.

 

Mateus 12:46-47: “Enquanto ele ainda falava às multidões, eis que sua mãe e seus irmãos estavam do lado de fora, procurando falar com ele. E alguém lhe disse: “Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora, procurando falar contigo."

 

Mateus 13:55: “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama Sua mãe Maria, e Seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?

 

Em ambos os versículos, se os irmãos de Jesus não são, de fato, irmãos, mas primos, então quem seria Sua mãe e quem é o pai do carpinteiro? Em outras palavras, "mãe" aqui se refere a Maria. O "carpinteiro", em Mateus 13:55, refere-se a José. Estes são termos literais e claros. No entanto, o teólogo católico pode argumentar: "Embora o filho do carpinteiro se refira a José e a mãe se refira a Maria, o termo 'irmãos' não significa irmãos no sentido literal, mas sim 'primos'."

 

Porém, essa afirmação não parece ser legítima. Não podemos simplesmente mudar os significados contextuais das palavras, a menos que haja uma necessidade óbvia para tal. O contexto do versículo é claro: ele está falando sobre José, Maria e os irmãos de Jesus. Todo o contexto é de uma relação familiar: pai, mãe e filhos. Isso não parece permitir uma interpretação tão flexível para a palavra "irmãos".

 

Salmo 69, um salmo messiânico

 

Existem muitos argumentos a favor e contra a questão dos irmãos de Jesus. No entanto, essa questão não pode ser resolvida sem antes examinarmos o Salmo 69, um salmo messiânico. Jesus cita o Salmo 69:4 em João 15:25: “Mas eles fizeram isso para que se cumprisse a palavra que está escrita em sua Lei: eles me odiaram sem causa.”

 

Além disso, Jesus cita o Salmo 69:9 em João 2:16-17: “e aos que vendiam as pombas Ele disse: Tirem estas coisas; parem de fazer da casa de Meu Pai uma casa de mercadorias. Seus discípulos lembraram-se de que estava escrito: “O zelo pela tua casa me consumirá.”

 

O Salmo 69 é claramente um salmo messiânico, pois Jesus o cita duas vezes em referência a Si mesmo. A parte mais importante do texto está no que está escrito entre os versículos que Jesus citou. Para entender melhor o contexto, aqui está o Salmo 69:4-9:

 

"Os que, sem razão, me odeiam são mais numerosos do que os cabelos da minha cabeça; são poderosos os que querem me destruir, os que com falsos motivos são meus inimigos; por isso, tenho de restituir o que não roubei. Tu, ó Deus, bem conheces a minha insensatez, e as minhas culpas não te são ocultas. Não sejam envergonhados por minha causa os que esperam em ti, ó Senhor, Deus dos Exércitos; nem por minha causa sofram vexame os que te buscam, ó Deus de Israel. Pois tenho suportado afrontas por amor de ti, e o meu rosto se cobre de vergonha. Tornei-me um estranho para os meus irmãos e um desconhecido para os filhos da minha mãe. Pois o zelo da tua casa me consumiu, e as ofensas dos que te insultam caem sobre mim."

 

Agora, devemos ter cuidado, pois não podemos atribuir todo o conteúdo do Salmo 69 como sendo messiânico. No entanto, este salmo mostra claramente que o orador tinha irmãos. A evidência de que Jesus tinha irmãos é bastante forte. Como diz Amós 3:7: “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.”

 

Então, Maria teve outros filhos? A Bíblia mostra que sim. A tradição romana afirma o contrário. Em qual você confia: na Palavra de Deus ou na tradição dos homens?

 

 

É claro que o católico romano argumentará que a expressão “filhos da minha mãe” não se refere aos irmãos de Jesus, filhos do mesmo pai e da mesma mãe, mas sim a irmãos judeus, primos ou outros parentes. Este é um ponto que o católico romano precisa defender, pois, caso contrário, a doutrina da virgindade perpétua de Maria estaria em risco. Como isso contradiz a tradição católica romana, a interpretação do Salmo deve ser ajustada para estar de acordo com essa tradição.

 

A questão é: “Jesus foi afastado de Seus irmãos?” A resposta é sim. João 7:5 diz: “Pois nem mesmo seus irmãos acreditavam nele”. Além disso, o Salmo 69:8 menciona tanto “meus irmãos” quanto “filhos de minha mãe”. Ambos os termos devem ser interpretados de maneira que se refiram aos irmãos biológicos de Jesus? Não há como negar.

 

Os católicos romanos costumam afirmar que a palavra "irmãos" deve ser interpretada como "primos". No entanto, se isso fosse verdade, então, ao lermos a frase "Tornei-me um estranho... para os filhos da minha mãe", perceberíamos que o escritor está acrescentando uma distinção adicional, tornando o significado mais restrito. Em outras palavras, Jesus se refere claramente a Seus irmãos, gerados por Maria.

 

É lamentável ver a Igreja Romana ir tão longe para sustentar a virgindade perpétua de Maria, chegando a violar princípios bíblicos. Afinal, o casamento e o mandamento de "encher a terra" são projetos divinos. Como diz em Gênesis 9:7: "Mas vós frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela."

 

Conclusão

 

Após uma análise cuidadosa dos textos bíblicos e da tradição da Igreja Romana, fica evidente que a questão sobre Maria ter ou não tido filhos além de Jesus não é uma simples questão de interpretação, mas de como as doutrinas se desenvolvem ao longo do tempo. A Bíblia, em diversos momentos, faz referência aos "irmãos" e "irmãs" de Jesus, e os evangelhos não deixam margem para interpretá-los como primos ou parentes distantes, como sugere a tradição romana. As escrituras são claras ao apresentar Maria como a mãe de outros filhos, o que contrasta com a doutrina da virgindade perpétua que se tornou uma parte central do catolicismo.

 

O texto de Salmo 69, que é messiânico e foi citado por Jesus, também corrobora a ideia de que o orador tinha irmãos biológicos. Embora a igreja romana defenda a ideia de que Maria permaneceu virgem após o nascimento de Jesus, essa interpretação parece ir contra a evidência bíblica que, de maneira consistente, fala de outros filhos de Maria.

 

É importante lembrar que a fé cristã deve estar enraizada na Palavra de Deus, e não em tradições humanas. Enquanto as doutrinas podem se desenvolver ao longo do tempo, a Bíblia permanece a autoridade final sobre as questões de fé e prática. No caso de Maria, a Escritura é clara em afirmar que ela teve outros filhos, o que reflete um entendimento mais fiel e direto das passagens bíblicas.

 

Portanto, ao considerar as Escrituras Sagradas em seu contexto, fica claro que Maria, além de ser a mãe do Salvador, foi também mãe de outros filhos, como qualquer outro ser humano. A busca pela verdade deve ser sempre o fundamento da nossa fé, e a Bíblia nos chama a entender a mensagem de forma autêntica, sem distorções que vão além do que está claramente escrito.

 

Graça e Paz!

Garberson Alencar

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