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O que seria o espírito imundo de Mateus 12:43-45? Seria um demônio?


Depois de curar uma pessoa muda e surda, Jesus diz uma das histórias mais enigmáticas de seus ensinos. O que significa o “espírito imundo” que saiu de um homem e depois voltou, em Mateus 12:43-45? O que seria a casa vazia, varrida e ornamentada? E os sete espíritos piores? O que significa tudo isso?


Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra. Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa. (Mateus 12:43-45 ARA)


É comum se entender “espírito imundo” como sendo um demônio. Neste caso, ele poderia possuir uma pessoa. Entretanto, se analisarmos as palavras originais do Senhor, vamos descobrir uma situação totalmente diferente.


A expressão aramaica original que ele usa é דּרוּחָא טַנפתָא (d’ruha’ tanpta’), que se fôssemos traduzir literalmente seria “vento impuro”. Mas, naturalmente, isso não é literal.


Obs.: Devemos nos recordar de que Jesus pregava sua mensagem em aramaico, e não em grego, embora a tradução grega não esteja tão longe do original aramaico.


A palavra tanpta’ significa basicamente algo impuro. Já a palavra ruha’ é igual à hebraica rúah, que significa literalmente o ar em movimento (o vento ou um sopro).


No grego não é tão diferente, pois pneuma também significa vento, indicando um movimento de ar, a respiração, sendo sua raiz a palavra pneo. Mas, obviamente, nem todas as passagens bíblicas em que essas palavras aparecem está se falando de um vento literal, porque existem várias outras conotações (significados). Contudo, e como não poderia deixar de ser, estes significados devem estar conectados de alguma forma à sua raiz original. Não vamos nos alongar explicando cada significado agora.


Quando a palavra rúah (bem como a aramaica ruha’) é utilizada no contexto em que impulsiona alguém a falar algo, então geralmente está se referindo a uma inspiração. Mas, o que isso tem a ver com o significado original ‘vento’? É que inspiração significa literalmente inserir o ar nos pulmões, daí seu antônimo “expirar”, que é retirar o ar dos pulmões. Naturalmente, de modo figurado, inspirar é influenciar alguém ou capacitá-lo.


Portanto, a expressão ruha’ tanpta’ pode ser traduzida por “inspiração impura“. E a partir daqui vamos ligá-la ao seu contexto após vermos uma tradução de Mateus 12:43-45 no aramaico:


"Quando uma inspiração impura sai de alguém, percorre regiões onde não há água, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: ‘Voltarei para minha casa, de onde saí.’ E, quando chega, a encontra vazia, varrida e adornada. Então vai, e toma consigo outras sete inspirações do mal, entram, habitam ali; então torna-se o [estado] posterior daquela pessoa pior do que antes. Assim será para com esta geração má.


Na tradução do texto aramaico.


Tudo indica que Jesus começa a falar aqui por parábolas, por isso ele poderia não estar se referindo a um espírito/ser que necessariamente possuía alguém. Haja vista que ele estava falando com pessoas conscientes que, deliberadamente, insultaram a inspiração divina que atuava por meio dele mesmo, através da qual tinha curado alguém (Vs. 22-24).


Poderia sim haver um ser maligno do mundo invisível por trás daquela inspiração má naqueles homens, que os impulsionava a insultar a inspiração de Deus; e quando eles viram e ouviram as verdades e as obras divinas, tiveram um tempo para pensar e reconhecê-las, porém, ao se endurecerem, ou seja, ao deixarem a “casa” vazia, varrida e adornada para receber de novo a inspiração impura, tornando a lhe dar ouvidos, tornariam-se indivíduos completamente maus, o que é simbolizado pelo número 7 das 7 outras inspirações que receberiam devido à dureza de seus corações.


Lembremo-nos do caso de Eva no jardim, que dera ouvidos à voz da “serpente”, Gênesis 3:1-6.


Essa cena nos ensina que devemos nos permitir quebrar nosso ego e deixar que as verdades de Deus entrem em nós, a fim de que nos transforme e nos limpe de nossas maldades interiores.

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