Alguém tem autoridade para perdoar pecados? Alguns dizem que Jesus concedeu esta autoridade aos apóstolos e depois, através deles, a outros (ver João 20:23). Será que essa afirmação é verídica?
Pouco antes de Sua ascensão, Jesus disse aos seus apóstolos: “Se de alguns vocês perdoarem os pecados, são-lhes perdoados; mas, se os retiverem, são retidos.” (João 20:23).
A Igreja Católica Romana ensina que Cristo estava na verdade concedendo aos apóstolos a autoridade para perdoar pecados, e que os apóstolos transmitiram aos seus sucessores (supostamente o sacerdócio romano) a mesma autorização para perdoar pecados.
Mas, isso não verdade. Nenhuma interpretação deve ser dada a uma passagem de difícil compreensão e que não nos é dado muitos detalhes sobre o assunto. Isso a colocaria em contradição com os inúmeros textos claros que contradizem tal afirmação. Não podemos interpretar os textos bíblicos ao nosso bel-prazer, mas fazer a exegese dos textos e interpretá-los dentro do seu contexto.
O fato é que, embora todos os cristãos devam perdoar uns aos outros, isto é, tenham uma disposição para perdoar (Ef 4:32), em última instância, somente Deus pode conceder perdão absoluto. O Senhor não concedeu esse direito aos apóstolos ou a qualquer outra pessoa.
"Se tu, Senhor, observares iniquidades, quem, Senhor, poderá escapar? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido." (Salmos 130:3-4)
"Eu, eu mesmo, sou o que apago as suas transgressões por amor de mim; dos pecados que você cometeu não me lembro." (Isaías 43:25)
"Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos rebelamos contra ele" (Daniel 9:9)
"Quem é semelhante a ti, ó Deus, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do remanescente da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia." (Miquéias 7:18)
"Portanto, arrependa-se desse mal e ore ao Senhor. Talvez ele o perdoe por esse intento do seu coração" (Atos 8:22)
Existe uma expressão bíblica segundo a qual às vezes se diz que alguém realmente faz o que está meramente autorizado a fazer. Por exemplo, o mordomo do Faraó disse a respeito de José: “eu fui restituído ao meu cargo, e o outro foi enforcado.” (Gn 41:13). Na verdade, José não restabeleceu o cargo do mordomo, nem enforcou pessoalmente o outro (o padeiro). Ele apenas anunciou, por meio de visão profética, qual seria o destino desses dois homens.
Outro exemplo é encontrado no livro de Jeremias: “Depois, o Senhor estendeu a mão e tocou na minha boca. E o Senhor me disse: "Eis que ponho as minhas palavras na sua boca. Veja! Hoje eu o constituo sobre as nações e sobre os reinos, para arrancar e derrubar, para destruir e arruinar, e também para edificar e plantar." (Jeremias 1:9-10).
Observe os verbos. No versículo 10, Deus designou o profeta Jeremias para literalmente destruir e derrubar reinos ou apenas para declarar o seu destino? A resposta é óbvia. Veja também Ezequiel 43:3.
No grego, João 20:23, deixa claro que os apóstolos estavam autorizados apenas a anunciar o perdão com base na designação prévia de Deus. Literalmente, o texto mostra: “Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos." (Jo 20:23)
Numa explanação mais abrangente desta passagem, o notável estudioso grego Julius R. Mantey relatou que os “pais” gregos nunca citaram esta passagem em apoio ao conceito de absolvição. Em outras palavras, os apóstolos (e outros daquela época) só estavam autorizados a declarar perdão de acordo com o que o Senhor já havia determinado.
Dia de Pentecostes
Finalmente, o fato de os discípulos terem sido autorizados a anunciar a salvação em vez de concedê-la pessoalmente é confirmado pelo fato de que no dia de Pentecostes, em harmonia com a orientação do Espírito Santo, eles não perdoaram pessoalmente os pecados de ninguém. Em vez disso, apenas proclamaram as condições de perdão às quais homens e mulheres as receberam.
Os crentes perguntaram: “Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos seus pecados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo (Atos 2:37-38). Posteriormente, somos informados que: “Então os que aceitaram a palavra de Pedro foram batizados” (Atos 2:41).
Portanto, concluímos, com base nas Escrituras, que eles receberam o perdão dos seus pecados, e que João 20:23 não sanciona o procedimento moderno do clero católico de conceder a absolvição do pecado. A nem um homem foi dado o poder de perdoar pecados.
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." (1 João 1:9)
"Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Mas, se alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas também pelos do mundo inteiro." (1 João 2:1-2)
Graça e Paz!
____________
Garberson Alencar
Comentários