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O Novo Testamento e o Dízimo



INTRODUÇÃO


O cumprimento da vontade de Deus deve ser o primeiro objetivo de todos, e para cumprir esta vontade é necessário conhecer a Palavra de Deus, especialmente o ensino bíblico sobre dar, na nova aliança. Imediatamente após a morte de nosso Senhor Jesus, a supremacia do povo de Deus foi caracterizada inicialmente pelo amor a Deus e ao próximo, especialmente o cuidado com os mais pobres e necessitados. Ainda hoje, é a vontade de Deus que todas as outras nações reconheçam Seu povo por causa desse amor.


Há algumas perguntas muito importantes que precisam ser respondidas: Qual era a posição de nosso Senhor Jesus sobre o dízimo? Os apóstolos abordaram esse assunto em suas cartas? Quando o sistema de dízimo obrigatório foi introduzido no cristianismo?


A análise deste assunto é um verdadeiro alerta para o povo de Deus, cuja verdadeira missão é refletir o caráter de Deus e fazer Seu amor transbordar neste mundo tortuoso e cruel.


O DÍZIMO E JESUS


Nosso Senhor Jesus Cristo é o centro onde se encontram a velha e a nova aliança. A nova aliança não começou com o nascimento de Jesus, mas com Sua morte. A conclusão é óbvia: Deus cancelou a primeira aliança, que dependia da morte dos animais, para estabelecer uma segunda aliança, que dependia da morte de Cristo (Hebreus 9:15-17; 10:9, 10; 1 Coríntios). 11:25). As normas relativas ao sacrifício de animais e as funções gerais do santuário apontavam para o maior e mais completo sacrifício que ocorreria no Calvário.


Todas as palavras de Jesus nos quatro Evangelhos, que foram ditas antes de Sua morte, foram ouvidas durante a ordem sacerdotal levítica, quando o dízimo ainda era obrigatório segundo a lei do santuário. Há poucas referências ao dízimo durante o ministério de nosso Senhor Jesus Cristo, e em nenhum lugar é mencionado que Jesus deu o dízimo. Porque Jesus não estava envolvido na agricultura, ele estava isento do dízimo. Conforme a lei do dizimo, que assim estabelecia. Não há evidência de que os fariseus O acusassem por causa disto.


Os únicos textos encontrados são:


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.” (Mateus 23:23.)


“Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras.” (Lucas 11:42.)


“Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.” (Lucas 18:12.)


Em todas essas citações, o Senhor Jesus colocou a questão do dízimo como secundária. Seu principal objetivo ao proferir essas palavras era repreender os fariseus pelo orgulho e negligência do que era mais importante na lei: a prática da justiça, misericórdia e fé.


Denominações religiosas que defendem a validade dos dízimos com base em Mateus 23:23 e Lucas 11:42 certamente não aceitam hoje dízimos de hortelã, endro, cominho, arruda e todos os vegetais para manter suas gigantescas estruturas institucionais e, além disso, os textos citados provam que o dízimo não foi dado em dinheiro.


A CARTA AOS HEBREUS E O DÍZIMO


O termo "dízimo" também se encontra em Hebreus 7. É aconselhável analisar todo o contexto antes de tirar conclusões. O assunto deste capítulo não está relacionado a, se o dízimo deve ou não ser praticado hoje, nem quando ou onde o dízimo deve ser dado. A realidade é que o escritor da carta estava tentando mostrar a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio de Arão usando Melquisedeque como um tipo de Cristo. O profeta Davi também profetizou anteriormente que o Messias seria “sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisideque.” Salmos 110:4. A questão é que o sacerdote e rei Melquisedeque viveu antes de Isaque nascer, então ele não veio da tribo de Levi (um dos netos de Isaque). O escritor de Hebreus queria apenas mencionar que o patriarca Abraão deu o dízimo dos despojos a Melquisedeque, conforme declarado em Gênesis 14:18-20.


Este assunto tinha que ser explicado especialmente para aqueles que ainda seguiam os ritos sacrificais da antiga aliança. Nos capítulos 7-10, o autor afirma claramente que o objetivo é mostrar a superioridade do sacerdócio de Jesus sobre o de Arão. Deus aboliu o antigo sistema sacerdotal baseado na linhagem de Arão, porque era fraco e inútil para salvar as pessoas, de seus pecados (Hebreus 7:18). A esse respeito, o autor da carta aos Hebreus faz a seguinte pergunta: “...se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (pois sob este o povo recebeu a lei do dizimo), que necessidade havia ainda de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?” (Hebreus 7:11). Então a Palavra de Deus diz que “quando o sacerdócio muda, a lei necessariamente muda”. (Hebreus 7:12). Mudar a lei era necessário porque Cristo não pertencia à família da tribo sacerdotal de Levi, mas veio da tribo de Judá. Conforme dita a lei, a tribo de Judá não podia exercer o sacerdócio em assuntos que regem as atividades do santuário porque Deus não o escolheu para esse ministério.


Assim, após a morte de Cristo, todas as cerimônias relacionadas com os sacrifícios feitos no santuário foram canceladas, por serem apenas típicas do "sacrifício único do corpo de Jesus Cristo". (Hebreus 10:10). Essas cerimônias eram sombras da realidade que é Cristo, o qual alcançou um “ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas”. (Hebreus 8:6). Cristo Se manifestou, “para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo.” (Hebreus 9:26).


O objetivo principal do escritor de Hebreus era focar na mudança do modelo sacerdotal e não enfatizar a base doutrinária do dízimo. De fato, tomar a experiência de Abraão para apoiar o argumento do dízimo não faz muito sentido pelas seguintes razões:


• Abraão deu apenas o dízimo (décima parte) dos despojos da guerra (Hebreus 7:4);

• Abraão devolveu os restantes 90% (noventa por cento) aos legítimos proprietários após deduzir as despesas de guerra (Gênesis 14:22-24);

• Não há evidência na Bíblia de que o dízimo pago por Abraão fosse sistemático ou obrigatório por qualquer ordem legal, especialmente que fosse calculado a partir de seu ganho financeiro e/ou de bens pessoais.


O verdadeiro povo de Deus não se baseia em suposições, mas baseia seu ensino num bem límpido "Assim diz o Senhor".


O DÍZIMO ERA USADO EM TEMPOS APOSTÓLICOS?


Entre os primeiros cristãos, principalmente no período apostólico depois de Cristo, não há comprovação do pagamento dos dízimos. Vivendo nessa nova experiência, o remanescente de Deus não estava mais sujeito à antiga aliança. A história da Bíblia diz que “todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” Atos 2:44-45. Não havia necessitados entre eles, pois não estavam nos planos deles a construção de templos e nem o pagamento de salários aos obreiros, mas entre eles estava o amor ao próximo. As atitudes eram claras e transparentes: “Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado algum, porque todos os que possuíam terras, ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.” (Atos 4:32-35).


As dádivas entre o remanescente povo de Deus não eram impostas por mandamento, ou por uma ordem legal, ou por exigência de se contribuir com um percentual qualquer sob ameaça de maldição, mas, era resultado de um relacionamento íntimo com Deus.


O Senhor Jesus, durante o Seu ministério, enfatizou muito sobre a importância de cultivar ao próximo:


• A história do jovem rico (Mateus 19:21);

• Recompensar aqueles que fazem bem (Mateus 25:34-40)


O evangelho não é sinônimo de dinheiro, mas a prática de amor verdadeiro. O apóstolo Paulo diz isso: “E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” (1Coríntios 13:3).


Ao contrário das instruções de Deus, muitas instituições religiosas fazem do evangelho uma fonte de recursos materiais. Tais atitudes são difíceis de conciliar com as palavras de Jesus, quando disse: “...de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8). Por que não seguir as sábias instruções de nosso Mestre e Salvador?


Nessa nova aliança estabelecida por Jesus Cristo o amor é o principal motivo para o "dar". Os capítulos 8 e 9, da segunda carta de Paulo aos Coríntios, contêm muitas instruções e informações sobre como os primeiros cristãos seguiram em sua jornada, quanto ao sustentar da obra de Deus. Curiosamente, o dízimo não é mencionado nesses textos, nem em 1 Coríntios 9, onde o apóstolo Paulo faz declarações abertas aos que pregam o evangelho. Referindo-se aos levitas, ele escreveu: “Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar, participam do altar?” (I Coríntios 9:13).


Na sequência ele transmitiu o seguinte: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. MAS EU DE NENHUMA DESTAS COISAS TENHO USADO. Nem escrevo isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória.” (I Coríntios 9:14 e15).


O apóstolo continua dizendo: “Logo, qual é a minha recompensa? É que, pregando o evangelho, eu o faça GRATUITAMENTE, para não usar em absoluto do meu direito no evangelho.” (I Coríntios 9:18).


Por que você não segue o precioso exemplo do Apóstolo Paulo?

É importante recordar que “a religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo.” (Tiago 1:27).


CONCLUSÃO


Depois de Cristo, o povo remanescente de Deus já não deu o seu dízimo, mas doou voluntariamente. Quando veio a apostasia, várias mudanças ocorreram no cristianismo apóstata. Em 585 d.C., no Terceiro Concílio de Mâcon, convocado por ordem do rei da Borgonha, que uniu os bispos da Borgonha e da Nêutria, foram proclamados vinte cânones, e entre eles havia um que determinava a excomunhão de todos aqueles que não pagavam o dízimo à igreja. Quase dois séculos depois, o governo de Carlos Magno apoiou a legislação eclesiástica, confirmando-a como um sansão do direito civil, tornando obrigatório o pagamento do dízimo para a igreja romana. Assim, por iniciativa da Igreja Romana, foi restabelecida a prática obrigatória do dízimo. Nos séculos XVIII e XIX, esta obrigação foi temporariamente abolida por pressão da sociedade e da indústria, porque as quantias arrecadadas não eram devidamente utilizadas para os fins exigidos pelo direito eclesiástico e civil. No século XX, a Igreja Romana gradualmente adotou o uso do dízimo em seus princípios eclesiásticos como um sistema de pagamento sistemático e regular para substituir o sistema de taxas. Infelizmente, muitos segmentos religiosos copiam essa prática da igreja romana hoje.


A isenção do dízimo não significa liberdade da responsabilidade pela obra de Deus. Todos os dons devem ser ministrados individualmente com responsabilidade e de acordo com as instruções de Deus.


Deus não exige de nós o impossível ou o absurdo, mas a devoção total a Ele. O apóstolo Paulo diz o seguinte sobre isso: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai- vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1 e 2).

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