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Por que existem duas narrativas diferentes sobre a Criação em Gênesis, nos capítulos 1 e 2?

Atualizado: 21 de nov. de 2024


Ao analisarmos os capítulos 1 e 2 de Gênesis, percebemos que a criação do mundo é narrada de duas formas distintas. Em Gênesis 1:27, os seres humanos são criados primeiro, e, em seguida, a criação é recontada em Gênesis 2:7. No entanto, o segundo relato da criação não apenas reflete ou repete o primeiro, mas apresenta diferenças significativas, tanto em termos gerais quanto em detalhes.

 

Frequentemente, ouvimos falar da ideia de que existem dois relatos distintos da criação em Gênesis 1 e 2, como se isso fosse algo evidente. De fato, há diferenças entre os dois capítulos. Porém, a questão central é: estamos diante de dois relatos separados da criação, que foram posteriormente unidos por algum editor, ou temos um único relato com ênfases distintas? A primeira perspectiva surgiu dos estudos céticos do Iluminismo, enquanto a segunda tem sido a visão tradicional da Igreja ao longo dos milênios.

 

Existem diferenças entre Gênesis 1 e 2. Talvez a mais notável seja a forma como a criação do homem é retratada. No capítulo 1, parece que o homem e a mulher foram criados simultaneamente: “Então Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). Já no capítulo 2, o homem é criado primeiro (Gênesis 2:7), e, posteriormente, a mulher é formada (Gênesis 2:21-22). Embora essa pareça ser uma diferença significativa entre os dois relatos, ela não é necessariamente irreconciliável.

 

Em relação à vida vegetal, há uma diferença menos perceptível, mas igualmente significativa, entre Gênesis 1 e Gênesis 2. No capítulo 1, Deus cria as plantas no terceiro dia (Gênesis 1:11-12). Já no capítulo 2, é mencionado que o homem foi criado antes das plantas (Gênesis 2:5-8), o que coloca a criação das plantas no sexto dia.

 

Gênesis 1 oferece um resumo geral de toda a criação, enquanto Gênesis 2 foca especificamente no sexto dia e em tudo o que está relacionado a ele.

 

A chave para entender essa diferença está em reconhecer a relação complementar entre os capítulos 1 e 2. Em vez de considerar esses dois capítulos como relatos distintos da criação, o leitor deve vê-los como narrativas que se complementam.

 

Uma ilustração pode ser útil neste momento. Antigamente, antes de os mapas do Google substituírem os mapas rodoviários, um mapa de um estado mostrava as estradas de todo o estado. Além disso, havia mapas mais detalhados das principais cidades. Gênesis 1 pode ser comparado a um mapa que abrange todo o estado, enquanto Gênesis 2 é como um mapa detalhado, focado em uma cidade específica.

 

Neste contexto, Gênesis 1 oferece um resumo geral de toda a criação, enquanto Gênesis 2 se concentra mais no sexto dia e nos eventos relacionados a ele. Gênesis 2 aborda principalmente a criação do homem e do Jardim do Éden. Em Gênesis 1:11-12, é relatada a criação do mundo vegetal, enquanto Gênesis 2:5-8 descreve as plantas associadas ao Jardim do Éden. No início do sexto dia, não havia plantas na terra nem ervas no campo. Existem duas razões para isso: primeiro, ainda não havia chuva, e segundo, não havia ninguém para cultivar a terra.

 

Deus se absteve de enviar chuva e de plantar o jardim até criar o homem para trabalhar nele. Os versículos 7-8 deixam isso claro. Primeiro, Deus criou o homem; depois, plantou o jardim; e, finalmente, colocou o homem que havia criado no jardim, com a missão de cultivá-lo e guardá-lo (Gênesis 2:15).

 

Faz mais sentido ler os dois primeiros capítulos de Gênesis juntos, em vez de tentarmos interpretá-los como relatos separados (e muito diferentes) da criação.

 

Conclusão

 

Ao ler Gênesis 1 e 2 em conjunto, podemos perceber que esses capítulos não são relatos contraditórios, mas sim complementares. Enquanto Gênesis 1 oferece um panorama geral da criação, Gênesis 2 foca em detalhes específicos, como a criação do homem e o Jardim do Éden, mostrando a continuidade e a harmonia do plano divino. Esse entendimento nos permite apreciar a riqueza e a profundidade da narrativa bíblica sobre a origem do mundo e da humanidade.

 

Graça e Paz!

Garberson Alencar

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