Sabemos que nossa salvação não depende de estarmos em um lugar específico ou de frequentarmos templos.
No mormonismo, ensina-se que certas ordenanças sagradas realizadas nos templos são essenciais para a vida eterna. Por isso, os mórmons constroem templos em várias partes do mundo, onde esses rituais são realizados. Contudo, de acordo com a Bíblia, Deus nunca ordenou a construção de templos. O único templo que Deus permitiu que fosse construído foi cumprido em Cristo.
"E Jesus, clamando outra vez em alta voz, entregou o espírito. Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo;" (Mateus 27:50-51)
Hoje, Deus tem apenas um templo vivo: Seu povo. Não se trata de um templo de pedra ou ferro, construído por mãos humanas. Nós é que somos os templos do Espírito Santo e a morada de Deus (1 Coríntios 6:19-20; 1 Coríntios 3:16-17; Hebreus 3:5-6; 2 Coríntios 6:16; Gálatas 2:20; João 14:23).
O templo, o sacrifício e a presença de Deus
Após a saída dos israelitas do Egito, Deus mencionou pela primeira vez a construção de um santuário na aliança com Moisés, no monte Sinai. Antes disso, nos tempos de Noé, Abraão, Isaque ou Jacó, não havia qualquer referência a um templo ou lugar semelhante.
Quando Deus instituiu a Antiga Aliança, com suas leis, cerimônias e sacrifícios, Ele ordenou aos israelitas a construção de um tabernáculo e lhes deu as instruções detalhadas sobre como construí-lo. Esse tabernáculo seria o lugar onde o povo de Israel se reuniria para adorar a Deus, sendo considerado um lugar sagrado (Êxodo 25:8-9; 29:45).
Seu propósito era permitir que o povo se aproximasse de Deus, pois o tabernáculo representava Sua presença (Êxodo 25:8-9; 29:45). Nele, os israelitas podiam oferecer sacrifícios para o perdão de seus pecados e adorar a Deus.
Sem o tabernáculo, Deus não poderia habitar no meio de Seu povo. Ele ordenou que fosse construído "para que" pudesse habitar entre eles: "E farão para mim um santuário, para que eu possa habitar no meio deles" (Êxodo 25:8). O pecado do povo impedia que Deus habitasse entre eles de forma plena. Por isso, sacrifícios regulares de animais eram necessários para expiar os pecados e permitir que Deus permanecesse no meio de Israel (Êxodo 29:38-46).
Dessa forma, o Tabernáculo representava tanto a presença de Deus no meio do povo quanto a separação Dele. A presença de Deus estava ali, mas atrás de um véu, no chamado "Lugar Santíssimo" ou "Santo dos Santos" (Êxodo 26:33). Entre o Lugar Santíssimo e o povo, havia camadas de sangue de sacrifícios contínuos (diários), para lembrar que nenhum pecado ou impureza poderia entrar na presença de Deus.
O templo de Jerusalém, o único e verdadeiro
Mais tarde, o rei Davi teve a ideia de construir um templo (1Crônicas 17:1-2), mas inicialmente essa ideia não agradou a Deus (1Crônicas 17:3-6). Foi somente na época de seu filho, o rei Salomão, que o Tabernáculo foi substituído por um templo permanente em Jerusalém. O propósito e o significado desse templo eram os mesmos do Tabernáculo, que ele veio substituir.
"Então a palavra do Senhor veio a Salomão, dizendo: Quanto a este templo que você está edificando, se você andar nos meus estatutos, e executar os meus juízos, e guardar todos os meus mandamentos, andando neles, cumprirei para com você a minha palavra, a qual falei a Davi, seu pai. E habitarei no meio dos filhos de Israel e não abandonarei o meu povo." (1Reis 6:11-13)
É claro que, nos dias de hoje, os templos não são locais de sacrifícios nem centros de rituais expiatórios, como eram na época da Antiga Aliança e suas leis cerimoniais. No entanto, esse era, de fato, o propósito original para o qual o templo bíblico foi construído. E esse propósito foi cumprido em Cristo.
"Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados." (Hebreus 10:12-14).
Jesus eliminou a necessidade dos sacrifícios de animais, oferecendo uma expiação maior e definitiva na cruz. Ao fazer isso, Ele tornou possível que habitássemos na presença de Deus sem a separação imposta pelas paredes do templo, os átrios, os altares e os véus.
Portanto, após a morte e ressurreição de Cristo, o templo que havia sido construído para que Deus pudesse "habitar entre o povo de Israel" já não era mais necessário. "E eis que estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos" (Mateus 28:20). A obra consumada de Cristo na cruz possibilitou que Deus habitasse entre Seu povo sem a necessidade da separação que o templo representava.
O véu do templo e a presença de Deus
Talvez o símbolo mais significativo da separação entre Deus e Seu povo pecador tenha sido o véu no templo, que separava o "Lugar Santo" do "Lugar Santíssimo" (o segundo compartimento do santuário, onde a presença de Deus habitava acima do propiciatório da arca da aliança).
Nesse segundo compartimento, nem mesmo o sumo sacerdote poderia entrar quando quisesse, mas apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação. "O Senhor disse a Moisés: Diga a seu irmão Arão que não entre no santuário a qualquer hora, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque aparecerei na nuvem sobre o propiciatório." (Levítico 16:2).
Ninguém com qualquer defeito físico poderia se aproximar do véu ou servir no altar, pois, caso contrário, profanaria o santuário (Levítico 21:23). Além disso, qualquer estranho que se aproximasse do véu morreria (Números 18:7). Na verdade, mesmo quando o tabernáculo era desmontado e transportado de um lugar para outro, o véu permanecia entre Deus e o povo. "Quando o arraial partir, Arão e seus filhos virão, tirarão o véu de cobrir, e, com ele, cobrirão a arca do testemunho;" (Números 4:5).
No templo de Salomão, o véu também estava diante do Lugar Santíssimo (2Crônicas 3:14), simbolizando que as pessoas não eram suficientemente puras para entrar na presença de Deus. No entanto, na morte expiatória de Cristo na cruz, o véu do templo foi rasgado em duas partes, de cima a baixo (Mateus 27:51; Marcos 15:38; Lucas 23:45). Isso indicava que o caminho para a presença de Deus estava agora aberto, permitindo que o povo se aproximasse de forma limpa, revestido da justiça de Cristo.
"Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel." (Hebreus 10:19-23).
No entanto, as paredes e o véu do templo, que nos separavam da presença de Deus, foram totalmente removidos em Cristo. Somente através do Seu sacrifício perfeito podemos entrar na presença de Deus, sem a necessidade de rituais ou templos. Acreditar que somos obrigados a frequentar templos ou que nossa salvação depende deles é negar o plano de salvação estabelecido por Deus, anular a obra consumada de Cristo e viver sob os preceitos e ordenanças da Antiga Aliança.
Se fosse necessário adorar em templos nos dias de hoje, certamente não seria em qualquer templo, mas no templo de Jerusalém, o lugar que o Senhor escolheu para fazer habitar o Seu nome. "Mas escolhi Jerusalém para que ali seja estabelecido o meu nome..." (2Crônicas 6:6)
Maior que o Templo (Quando a presença de Deus chega)
O tabernáculo e o templo representavam a única morada da presença de Deus entre Seu povo. No entanto, com a vinda de Cristo, essa presença passou a habitar entre eles, numa habitação nova e maior, não em um edifício feito de ouro e pedra, mas na pessoa de Jesus, que se fez carne e habitou entre nós. "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1:14).
Assim como a presença de Deus era manifestada no templo na forma de uma nuvem, agora essa presença podia ser vista em Jesus, em carne e osso. Nesse breve versículo, João nos revela que o templo já não era mais feito de pedra e tijolos, mas que Jesus agora era o templo. Ele continua em João 2:21, referindo-se ao "templo do Seu corpo"
Mais uma vez, em João 4, quando a mulher samaritana conversava com Jesus sobre um lugar específico de adoração para judeus e samaritanos, Jesus não disse que a adoração seria em ambos os lugares ou que haveria muitos templos. Em vez disso, Ele respondeu à mulher: "Vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém vocês adorarão o Pai" (João 4:21).
Em seguida, Jesus afirma que chegaria o tempo em que os verdadeiros adoradores adorariam "em espírito e em verdade", e não mais no templo. "Mas vem a hora e já chegou em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores." (João 4:23). O tempo de adoração no templo construído por homens estava chegando ao fim. "Pois eu lhes digo que aqui está quem é maior do que o templo." (Mateus 12:6).
Quanto ao templo que Deus estabeleceu em Jerusalém, Jesus declarou que ele seria destruído: "Jesus saiu do templo e, enquanto caminhava, os seus discípulos se aproximaram para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse: Vocês estão vendo todas estas coisas? Em verdade lhes digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada." (Mateus 24:1-2, Marcos 13:1-2, Lucas 21:5-6).
Somos templos do Espírito Santo e morada de Deus
Jesus subiu ao céu, deixando templos na terra, não feitos de tijolos e mãos humanas, mas templos formados por homens e mulheres redimidos pelo sangue de Cristo — morada de Deus, onde reside o Espírito Santo.
1 Coríntios 6:19-20: "Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês e que vocês receberam de Deus, e que vocês não pertencem a vocês mesmos? Porque vocês foram comprados por preço. Agora, pois, glorifiquem a Deus no corpo de vocês."
1 Coríntios 3:16-17: "Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá. Porque o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado."
Hebreus 3:5-6: "E Moisés foi fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas. Cristo, porém, como Filho, é fiel em sua casa. Esta casa somos nós, se guardarmos firme a ousadia e a exultação da esperança."
2 Coríntios 6:16: "Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivo, como ele próprio disse: "Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo."
Gálatas 2:20: "logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim."
João 14:23: "Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada."
Conclusão
No capítulo 7 do livro de Atos, Estevão cita uma passagem do profeta Isaías (Isaías 66:1-2) para afirmar que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas, uma questão que também foi abordada por Salomão em 1 Reis 8:27.
"Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: "O céu é o meu trono, e a terra é o escabelo dos meus pés. Que casa vocês edificarão para mim, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?" (Atos 7:48-49)
"Mas será que, de fato, Deus poderia habitar na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, muito menos este templo que eu edifiquei." (1 Reis 8:27)
Com isso, Estevão sugeriu que nem o tabernáculo nem o templo estavam destinados a durar para sempre. Ambos apontavam para algo maior que viria. O erro das pessoas está em confinar o Deus Altíssimo a templos feitos por mãos humanas. O verdadeiro cristão não precisa mais de templos. Nós somos o templo. A obra consumada de Cristo na cruz nos tornou templos do Espírito Santo e morada de Deus. O Senhor habita em nós e está conosco agora e para sempre, até o fim dos tempos.
Essa realidade transforma profundamente a nossa identidade e nosso relacionamento com Deus. Não estamos mais limitados a um espaço físico para encontrá-Lo, porque Ele escolheu habitar em nós, em nossos corações. A presença de Deus não é mais algo distante ou inacessível; ela é íntima, viva e constante. Isso também nos chama a viver de maneira condizente com essa nova realidade, buscando refletir a santidade de Deus em nossas vidas diárias. Como templo de Deus, somos chamados a ser um reflexo de Sua presença no mundo, levando a mensagem de Cristo a todos e sendo um lugar onde Sua glória possa ser manifesta em tudo o que fazemos.
Graça e paz!
Garberson Alencar
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